Cérebro na cartola
Um papo sobre como aprender poker vai
muito além de roteiros
por Fábio F1oba Maritan
Fonte: CardPlayer
No poker ou em qualquer outra atividade, pessoas alcançam sucesso em seus propósitos e inspiram outras pessoas. Na onda da inspiração, muitos aprendem e evoluem consoante a uma grande maioria que apenas procura o segredo, a fórmula mágica e rápida para surfar também. Pois bem, afinal qual a mágica?
Primeiro de tudo, é inegável que cursos, coachings e discussões, em geral, tornam o jogador cada vez mais capacitado. Afinal, conhecimento sempre é bem-vindo. A capacitação torna o jogador cada vez mais “defendido”, rico em repertório. Ótimo, mas quão limitado é ter uma receita de bolo de cenoura perfeita se, em pouco tempo, cenouras passassem a causar alergia? Você quer surfar a onda perto da quebra ou na formação? Muito cuidado com a abordagem da informação que você procura. Desconfie totalmente de fórmulas prontas. Vivemos um momento de valorização do pensamento e da criatividade.
Tomar decisões jogando poker profissionalmente exige mais profundidade que o senso comum imagina. Você pode aplicar conceitos que aprendeu e abusar da experiência a seu favor, mas jamais deve esquecer que as situações, principalmente as mais difíceis, são únicas. Não tem fórmula mágica. A decisão é você com você, interpretando o que significam aqueles tamanhos de apostas daquele jogador, naquele cenário totalmente específico e complexo. Subjetividade aliada a esforço mental.
O que parece mais divertido? Tomar uma decisão ruim hoje e ser gratificado pela aleatoriedade do baralho rindo com os amigos ou se esforçar em tomar boas e embasadas decisões no longo prazo? O poker precisa ser sério apenas pra quem quer levá-lo a sério, e pronto. A maioria está ali apenas pra se divertir num baita desafio legal. Muito inconveniente é aquele jogador que se senta à mesa e parece deter a verdade, importunando e corrigindo publicamente os demais com seu “livrinho de boas práticas”. Oras, toda subjetividade envolvida faz com que certo e errado estejam muito mais ligados a argumentos que embasam decisões do que simplesmente: “você não pode abrir essa mão dessa posição”. Muito preguiçoso colocar uma regra em seu jogo sem entender os porquês. Pior, a partir de regras, colocar o escudo do “eu já sei jogar” e viver numa acomodação melancólica. Uma jogada aparentemente ruim pode ser explicada por argumentos. Argumentos podem ser trabalhados para enriquecer a decisão. E assim sempre. Amém. Obviamente, que absurdos existem, mas frustrar-se em excesso pela decisão alheia apenas expõe incapacidade de adaptação. Você não pode mudar a aleatoriedade do baralho, mas pode mudar sua postura em relação a isso.
No mais, para quem busca evolução, valorize coachings que estimulem o pensamento e a criatividade. Coachings que não apenas falem, mas também ouçam e modelem argumentos. Em minha opinião, times de poker saem na frente nesse sentido. Com capital humano qualificado evoluindo diariamente, se ganha em velocidade de adaptação e, consequentemente, colhem-se retornos regulares. Coloque seu cérebro nas mesas e boa diversão.
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