sábado, 7 de abril de 2012

Grindar ou Não ?


Hoje consegui que meu grande amigo Marcio fizesse um post aqui para o blog.
Estavamos conversando sobre a necessidade de se jogar varias mesas ao mesmo tempo ( Grind ou Grindar ) e ele se propôs a fazer um texto explicando sua forma de pensar sobre o assunto. E o artigo ficou muito bom. Vale a pena ler até o final.

Grindar ou Não ?


Bom, primeiramente, vou me apresentar aos leitores deste nosso humilde blog.
Sou o Marcio. Os mais atentos já devem ter me visto, quando no ano passado eu e o Luke fizemos um vídeo analisando uma cravada minha num torneio, postando-o aqui o blog.
Jogo poker há mais de 5 anos, no início, como a maioria, jogava só playmoney.
Não tenho o poker como meio de vida, mas nesses anos passei a amar o jogo e a criar pequenos desafios, como por exemplo, quando em 2009 eu me cadastrei na Pokerstars e la ganhei US$2,00 (dois dólares) de bônus, que cheguei a transformar em US$250,00 jogando torneios de microlimites, mas isso não faz de mim um grande jogador, apenas um entusiasta, que espero, me leve um dia a ser um bom jogador.
Bom, após esse pequeno cartão de visitas, vou abrir esse post explicando que, tudo que escrever será baseado em minhas próprias experiências e se refletem no meu modo de jogo, o que necessariamente não se reflete no modo de jogo de outras pessoas, espero apenas poder dar a todos uma visão a mais para que possam adquirir mais bagagem na hora de tomar decisões em suas jogadas.

O propósito deste post, vem de uma pequena conversa que acabei de ter com o Luke, a respeito da forma que temos jogado. Ultimamente têm se acumulado as “bads beats” e rareado as mãos boas para se entrar no pote. O que tem feito, mais do que nunca, que joguemos tigh em torneios, os quais na verdade a agressividade é a maior arma para se chegar ITM ( In The Money ).
Quem joga torneios de limites baixos sabe que a “variância” é monumental, infinitamente maior que em outros níveis, portanto, o grande vilão a se combater nos “micro limits”.
Agora, não vou me impor dizendo que tenho a grande solução para isso, pois não sou mais que um jogador de poker, como você, mas assim como você, tenho potencial para crescer.
Nunca tire isso da cabeça: VOCÊ tem potencial e deve estimular isso até não poder mais.
Leia tudo, até mesmo o que eu escrevo, estude, assista vídeos, pois sempre você vai conseguir aprender mais uma ou duas coisas que lhe ajudarão nas mesas.

Mas vamos ao que interessa, nossa conversa (eu e o Luke) girou em torno da quantidade de mãos que pegamos durante nossas sessões e como têm sido poucas as oportunidades de entrar em potes.
Agora, creio que os jogadores experientes concordem comigo que passar muitas horas jogando sem pegar boas mãos deixa o psicológico do jogador abalado, ainda mais quando finalmente vem uma mão “Premium”, por exemplo, e a perdemos numa bad. Isso fica em nossas cabeças nos martelando e minando nossa confiança, mais do que deveria.
Um jogador consciente até sabe que deve botar a “bola pra frente” e seguir jogando, mas se isso se repete mais vezes acaba realmente desestimulando e a partir de um dado momento, o jogador acaba sentando numa mesa já como um derrotado, eventualmente por seu próprio psicológico.
Um lado que quero abordar nesse texto é como usar o “grind” para evitar isso. Usar a matemática para evitar que a carência de boas mãos e as bads minem seu espírito competitivo no poker.
Agora, tomando como exemplo as sessões que eu e o Luke temos jogado, sessões que duram em torno de 2 a 3 horas, com 2 a 4 mesas simultâneas, muitas vezes nos deparamos com o fato de ter que ficar 10, 15, e as vezes ate 20 minutos “foldando” ou entrando de “limp”, por só receber mãos que não estariam dentro de nosso range normal de jogo.
Analisando isso matematicamente, um torneio de 45 lugares (uso como base os torneios SnG de 45 lugares da PokerStars, que são os disputados por nós atualmente, limites de 25c a 2,50$) têm uma duração media de 2h30, onde se recebe uma media de 150 a 200 mãos para se chegar a uma FT ( Final Table ou Mesa Final ) e, em torno de 250 a 300 mãos para se chegar ao HU ( Heads Up ou Mano-a-Mano ) do torneio.
Na melhor das hipóteses, jogando 2 torneios simultâneos, jogaremos em quase 3 horas, apenas 500 a 600 mãos. O que, convenhamos, em poker, matematicamente, significa NADA.
Se, num dia relativo de sorte, você chegar ao HU, ou na FT que seja, nesses dois torneios, você precisara ter jogado (e ganho) pelo menos 10 a 15 mãos, com bons potes, entre as 150/200 mãos recebidas para se chegar à FT. Para isso, ou você recebe cartas que você tenha confiança de jogar agressivo, ou recebe cartas “Premium” e torce para que algum “donk” não lhe aplique uma tremenda bad.
Bom, vamos aumentar isso.
Mudemos de 2 mesas simultâneas para 12 mesas.
Significa aumentar a matemática para algo em torno de 100 a 150 mãos/hora por mesa. Ou seja, uma  possibilidade real de jogar só em 1 hora, 1200 mãos pelo menos, aumentando as chances de receber mãos dentro do nosso range proposto de jogo, evitando assim, que sejamos obrigados a sair desse range para obtermos ação e por meio disso arriscarmos mais na sorte do que na habilidade para conseguirmos sobreviver no(s) torneio(s).

Sim, senhores. Esse texto se trata exclusivamente de defender o “grind” em torneios, algo que muitas pessoas acham meio absurdo. Nunca conversei com um bom profissional a respeito disso, mas todos que vi “grindando” obtêm lucratividade boa a partir desse ponto.
Minha experiência pessoal com “grind” não é extensa, e só resolvi escrever a respeito porque, para mim, os números parecem convincentes demais para serem deixados de lado. GRINDAR  no poker online é uma ferramenta necessária para se obter lucratividade. Se você que começou no poker e olha com ceticismo os jogadores que jogam 12, 18, 30 mesas ao mesmo tempo (e eu fui como você), abra sua mente e veja que dominar essa “ferramenta” faz parte integral desse pacote de emoções que é o poker. Tente, teste, assimile, treine. Acima de tudo, siga a risca sua meta.
Como disse, minha experiência com grind é limitada.
Por algum tempo joguei cash grindado, 12 mesas simultâneas, na Party Poker, e por um periodo, fui bem lucrativo.
Coloco, agora, um dos inimigos do grind. Em determinado momento, achei que, se eu abrisse o range e jogasse com mãos mais marginais, arriscando para ver flop, entrando de limp ou até forçando uma agressividade ocasional com mãos que eu NUNCA seria agressivo, poderia DAR SORTE e acertar, ou que, mesmo que não acertasse, quando uma mão premium em outra mesa vingasse, eu reporia a eventual perda. Isso é um ERRO!
Sair do script é o maior erro que se pode cometer no poker.
Quando você determina que tipo de jogador você é, você precisa evoluir, e não regredir. Virar os olhos ao que se aprendeu, como eu fiz nesse caso, é regredir totalmente, mesmo que por um momento. O resultado disso é que comecei a perder o que havia ganho e, como o psicológico é fundamental, só parei de insistir e reconheci o erro quando já era tarde.

Vale a pena jogar 12 mesas ou mais, simultaneamente? Vale muito a pena, e digo que você só poderá enfrentar a variância dos limites baixos através do grind, porém, você não deve se perguntar se é capaz de jogar tantas mesas ao mesmo tempo, isso é apenas questão de costume. Se você jogar 3, 4, ou 5 sessões exclusivamente focando em múltiplas mesas vai se acostumara com o ritmo tranquilamente, fazendo você ver que o que lhe parecia coisa de louco, na verdade é possível.
Deve se perguntar na realidade, se você consegue se manter fiel a sua proposta de jogo, pois, mesmo grindando, são as cartas que dirigirão seu destino, e o grind apenas maximiza suas possibilidades de receber boas mãos (as mãos que você deve considerar em seu range de jogo), para que você possa ter mais chances de jogar sem precisar arriscar limps (arriscar limp já em si em um erro brutal no poker, só se deve jogar, de forma agressiva, mãos em que se tenha confiança, dar limp significa que você não confia e esta torcendo para a sorte ser sua amante no flop te agraciando com um set).

Termino esse post, que ficou mais longo do que eu havia previsto, colocando a matemática crua para que fique ilustrado o ponto a que proponho chegar:

2 mesas (na teoria)
100 mãos/h cada mesa – 200 mãos/h no total
(com range bem escolhido) Media de 5 mãos usadas nessa 1 hora em cada mesa.
Significando ficar ate 15 minutos sem ação, apenas assistindo.

12 mesas ou mais (na teoria)
1200 mãos/h no total
Calculemos as mesmas 5 mãos (por baixo) usadas em cada mesa em 1 hora
Significa NÃO FICAR SEM AÇÃO por mais que 2 ou 3 minutos.

Isso é uma visão matemática baixa até, dependendo do jogador, você pode receber mais ou menos mãos dentro de seu range a cada hora, mas com certeza, mesmo que perca uma mesa, deve abrir imediatamente outra para substituir e, eventualmente, no mesmo momento estar jogando outras mãos em outras mesas, até mesmo mãos premium, podem afastar de sua mente aquela mesa perdida, mesmo que tenha sido por uma bad absurda, protegendo assim seu psicológico. É absolutamente claro que quando jogamos focados em poucas mesas, os acontecimentos nelas ficam vivos em nossas mentes por muito mais tempo do que deve para nosso próprio bem.

Bom, é isso, espero que você, que está começando e acha meio absurdo o “grindar”, observe de mente aberta que a partir do momento que se proponha a jogar poker, principalmente limites baixos, onde a variância não pode ser ignorada, deve decidir que armas usar para se defender.
O “grindar” certamente é uma arma que, se bem usada, pode trazer bons lucros. Trabalhe seu fator psicológico sempre, pois ele é fundamental.

Boas mesas a todos.
Espero que possa ter ajudado de alguma forma com minhas palavras.
Grande abraço a todos.

MarcioCP


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