terça-feira, 30 de setembro de 2014

Personalidades do Poker - 51º Card

Duane "Dewey" Tomko


Duane "Dewey" Tomko (nasceu em 31 dezembro de 1946 em Glassport, Pennsylvania, Estados Unidos)

Tomko passou toda sua infância e juventude em Glassport.
Ele começou a jogar poker de forma rentável quando tinha 16 anos, nos salões de bilha de Pittsburgh, o que lhe permitiu financiar sua educação.

Duane trabalhou como professor de jardim de infância por vários anos, mas muitas vezes jogava poker durante a noite.
Quando ele percebeu que o poker era mais rentável do que o seu trabalho, abrandou o emprego, investiu uma parte de seu dinheiro em alguns negócios e resolveu jogar poker em tempo integral.

Tomko ganhou a seu primeiro bracelete da WSOP em 1979, no evento "$1.000 No Limit Hold'em".
Ele derrotou Duanne Hammrich no heads-up para ganhar o título e 48.000 dólares de prêmio em dinheiro.

Na WSOP de 1984, Dewey conquistou dois braceletes. Primeiro ele ganhou o evento "$10,000 Deuce to Seven Draw". No dia seguinte, ele voltou, e ganhou o "$ 5.000 Pot Limit Omaha" evento com re-buys.


Além de seu sucesso na WSOP, Tomko fez duas mesas finais do World Poker Tour (WPT). Ele terminou em segundo lugar no "Five Diamond World Poker Classic 2003" (ganhando 552,853 dólares) e em quarto lugar na "Costa Rica Classic" (com 14.650 dólares de prêmio).

Tomko jogou todos os Main Event da WSOP desde 1974. Ele é considerado o unico jogador que conseguiu manter essa sequência.

Tomko ficou em terceiro lugar no evento da WSOP 2005 "Deuce-to-Seven Lowball" que lhe valeu o prêmio de 138,160 dólares.
Ele também fez a mesa final do primeiro torneio HORSE com buyin de 50,000 dólares no WSOP 2006 , que contou com alguns dos melhores jogadores de torneios e cash games de poker do mundo.
Ele terminou em 7º lugar ganhando um prêmio de 343.200 dólares.

Até 2014, o seu total de ganhos em torneios ao vivo ultrapassa os 5 milhões de dólares.
Pouco mais da metade de seus ganhos em torneios, $2,725,128 dólares, vieram da WSOP.

Duane Tomko foi escolhido em 2008 para o Poker Hall of Fame .




Tomko é um excelente jogador de golfe, quando não está jogando Poker, ele gasta muito de seu tempo no campo de golfe.
Ele já jogou golfe com muitos de seus colegas de high stakes como Doyle Brunson, Phil Ivey, e muitos outros.
Um de seus parceiros de golfe mais freqüentes é jogador de poker Hilbert Shirey que também vive na mesma cidade de Tomko, Winter Haven, na Florida.

Rick Reilly, repórter esportivo, narra um dia com Dewey em um campo de golfe em seu livro "Who's Your Caddy".
Nele, Rick afirma que Tomko não está interessado em competição, desde que você não aposte contra ele.
Dewey é tão bom jogador no campo de golfe quanto é quando está sentado em uma mesa de poker.
Ele observa que muitos profissionais da PGA ( Profissional Golf Association ) se recusam a jogar com ele por dinheiro.

Dewey Tomko com Doyle Brunson


Dewey abriu em 2014, em Orlando na Flórida, o "Dewey's Golf and Sports Grill".
Ele também é dono de um cassino na Costa Rica.

Tomko é casado e tem três filhos. Seu filho Derek encorajou-o a voltar a jogar torneios de poker . (Tomko afirma que seu filho é um jogador melhor do que ele era na sua idade.)
Ele vive atualmente em Winter Haven, Flórida.


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domingo, 28 de setembro de 2014

Decifrando o Código


Decifrando o Código


Por Barry Tanenbaun

Eu não conheco Erik Seidel pessoalmente, embora esteja ciente de seu expertise no poker e de seus oito braceletes da World Series of Poker. Uma das primeiras coisas que li sobre ele, muitos anos atrás, foi: “O que você deve saber sobre Erik é que, depois de jogar com você durante 15 minutos, ele começa a desenvolver uma contraestratégia feita sob medida para você”.

E esse é seu dever também. A habilidade central para se ganhar no poker em níveis mais altos é a leitura de mãos. E para tanto, você deve aprender a decifrar códigos.

Esta coluna vai discutir o que eu quero dizer com decifrar códigos no poker, e irei adicionar algumas reflexões sobre como fazer isso. Parta da premissa de que todo jogador desenvolveu uma estratégia para jogar. A maioria das pessoas joga de determinada maneira porque acha que é a correta.

Para dar um exemplo simples, quase todo mundo tem critérios para quando vão abrir raise do UTG em uma full table de limit hold’em. Para alguns, a gama é extremamente pequena — talvez A-A, K-K, Q-Q e A-K. Para outros, pode ser qualquer par, ás ou quaisquer duas cartas altas. Para aquelas almas mais otimistas, pode ser qualquer mão que recebam. Dentro da maioria das gamas, há mãos com as quais eles aumentam e mãos com as quais eles pagam. Um de seus deveres ao decfirar códigos é descobrir a gama de cada pessoa para abrir raise e aumentar.

Obviamente, esse trabalho de detetive se estende a cada posição, a pagar, a pagar aumentos, a reau-mentar e assim por diante. E isso apenas antes do flop. Quebrar códigos se torna mais complexo à me-dida que a mão progride, mas os resultados são bem mais importantes, pois você pode delimitar gamas.

A má notícia: O maior problema é que não há como desvendar os códigos de alguém que jogue bem melhor que você. Como o processamento de raciocínio dele é mais profundo que o seu, você será incapaz de entender a fundo o pensamento dele e discernir as razões dele para jogar como está jogando.

Por exemplo, um amigo meu aprendeu a jogar, como a maioria de nós, seguindo o conteúdo de um livro básico. Ocasionalmente, alguém fazia uma jogada que ele não compreendia porque não estava no livro dele, como reaumentar pré-flop com K-9 ou aumentar do big blind com um par de quatros. Quando via isso, ele naturalmente presumia que esses jogadores estavam cometendo erros significativos porque não estavam jogando da maneira como ele fora ensinado.

Por sorte, ele era insaciável em sua curiosidade e tinha mentores excelentes. Quando ele descrevia essas jogadas, em geral no contexto de que elas eram muito estúpidas por parte do executor, ele aprendia que tais movimentos eram de fato legítimos sob determinadas circunstâncias. À medida que sua compre-ensão se desenvolveu, ele começou a incorporar essas jogadas em seu repertório, e ele hoje é um jogador de high stakes.

E essa é a boa notícia que vem com a má. Embora você não seja capaz de decifrar os códigos daqueles que raciocinam sobre o jogo de maneira mais profunda que você, ao prestar atenção, pode-se eventual-mente descobrir por que eles estão fazendo o que estão fazendo e, assim, aperfeiçoar seu próprio jogo.


Alguns exemplos: Vamos começar com o river, que em geral é heads-up: isso, é claro, simplifica as coisas. Você precisa saber se seu oponente vai apostar pelo valor ou vai apostar apenas com suas mãos mais fortes. Ele vai blefar, semiblefar ou dar check-raise blefando? É preciso descobrir, pois os muitos jogadores que não fazem nada dessas coisas são muito mais fáceis de enfrentar. De fato, pouquíssimos jogadores fazem check-raise blefando no final, embora muitos calls no river sejam baseados na teoria de que o oponente pode estar fazendo isso com frequência suficiente para justificar as pot odds de pagar.

Quando estão nos blinds, alguns jogadores blefam em um flop com três cartas baixas, na esperança de que ninguém tenha se conectado com o flop ruim. Alguns vão blefar automaticamente no turn se todo mundo tiver pedido mesa no flop. Outros sempre têm valor com quaisquer dessas ações. Claramente, é muito bom que você distinga ambos.

Alguns acreditam que devem fazer check-raise no flop depois de uma aposta de posição final com qualquer par. Alguns acham que precisam de dois pares ou melhor, enquanto outros com dois pares ou melhor sempre esperam pelo turn para preparar sua armadilha. Para outros, ainda, basta um draw. E, é claro, alguns dão check-raise no flop com quaisquer dessas mãos, e ocasionalmente sem nada.

Os códigos dos jogadores não estão restritos a ações normais. Alguns oponentes normalmente tight e racionais podem aumentar na mão que imediatamente após uma bad beat. Eles querem seu dinheiro de volta agora. Sabendo quem eles são e quando irão de repente fazer essa jogada pouco usual vai lhe ajudar a fazer contra-ataques geniais.

Jogadores avançados possuem códigos mais complexos, pois tendem a ajustar seu jogo à situação e às tendências de seus adversários. Eles podem ser menos tight quando jogadores fracos estão no pote, e podem descartar mãos jogáveis quando oponentes fortes estão presentes. Eles podem tentar blefar contra jogadores que eles suspeitam serem capazes de dar fold, mas jamais blefariam sob outras circunstâncias. Você pode compreender o jogo deles, mas deve primeiro trabalhar para reconhecer as características dos adversários conforme eles as percebem.

Como você faz tudo isso? Comece com grande concentração, foco e memória. Adicione muita obser-vação, testes hipotéticos e trabalho duro. Concentre-se em um jogador por vez. Se você tentar decifrar o código de todo mundo, provavelmente vai ficar confuso. Comece com os jogadores mais fáceis de ler, pois isso torna seu trabalho mais simples e lhe ajuda a ganhar confiança, e eles devem ser sua maior fonte de lucro.

Conclusão: Vários anos atrás, eu jogava limit hold’em de $20-$40 basicamente contra os mesmos per-sonagens vários dias por semana. Depois de um período de anos, cheguei a um ponto em que acreditava que você poderia me colocar em qualquer assento e me instruir a jogar exatamente como um desses oponentes jogaria, e eu faria um trabalho decente. Eu posso ter errado algumas coisas, mas tinha uma boa ideia geral de como todo mundo abordava a maioria das situações.

Essa é sua meta. Você sabe como um jogador encara o jogo? Por que ele está ali? Quando ele fica irrita-do e se desvia de seu estilo usual? De que mão ele precisa para tomar a iniciativa das apostas? Ele vai semiblefar com flush draw ou pedir mesa e esperar ver um turn barato? E assim por diante.

Quanto mais você se aproximar da quebra desse código, mais eficiente você será como oponente dele — e essa deve ser sua meta.

E esse é seu dever também. A habilidade central para se ganhar no poker em níveis mais altos é a leitura de mãos. E para tanto, você deve aprender a decifrar códigos. ♠




sábado, 27 de setembro de 2014

Filme - "A Cure For Pokeritis" - 1912


Filme - "A Cure For Pokeritis" - 1912

"A Cure For Pokeritis", gravado em 1912, foi provavelmente o primeiro filme de Poker de todos os tempos.

Muitas vezes ouvimos falar que o poker era um jogo de comboys, diversas pessoas já contaram as histórias de Amarillo Slim e Doyle Brunson, que viajavam pelos Estados Unidos à procura dos melhores jogos, levando muitos sustos de arma em punho.

Pois encontramos um vídeo que é ainda mais antigo que os tempos de Slim e Brunson - "A Cure For Pokeritis".
Este filme, é uma curta-metragem de 1912 produzido por Laurence Trimble, e que tem como protagonistas o comediante John Bunny, Flora Finch e Leah Baird.

Em 12 minutos de filme em preto e branco e sem som, Mr. Sharpe (personagem interpretado por Bunny), tenta arranjar maneiras de sair de casa para ir jogar, sem que a sua esposa Mrs. Sharpe (Flora Finch) descubra.

Com a ajuda de um amigo, Mr. Sharpe consegue iludir a sua esposa, mas esta acaba por descobrir e com a ajuda de uma prima engendra um plano para levar Mr.Sharpe deixar de jogar.

Veja abaixo, na integra, essa bela comedia em preto e branco.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Mantenha a concentração nas mesas de poker


Mantenha a Concentração nas Mesas de Poker

Se há uma coisa que todos os jogadores de poker concordam é o fato do poker ser um jogo muito emocionante. Há uma boa razão pela qual tantos milionários jogam nas mesas: a adrenalina vivenciada num jogo de poker dificilmente é encontrada em outro lugar. Porém, além de emocionante, o jogo de poker também pode ser um pouco entendiante.

Em parte este jogo dá aos jogadores a sensação de poder já que são responsáveis por momentos emocionantes, grandes blefes e situações cruciais. Apesar de ser um excelente jogo, assim como tudo na vida, o poker tem seus lados bons e ruins. Você tem que saber lidar com todas os momentos durante o jogo, seja de emoção ou de tédio. Manter a concentração durante os momentos de altos e baixos do jogo é um grande desafio.

Mantenha sua concentração

Alguma vez sentiu-se tão entediado na mesa que não sabia o que fazer? As cartas não estão ao seu favor, a ação é lenta e parece que cada mão leva uma eternidade para ser concluída. Não se preocupe; você não é o único desanimado com essa situação. É a natureza humana que ajuda-nos a alcançar bons resultados em qualquer momento da vida: nosso cérebro está sempre a procura de algo para preocupar-se e se a atividade no momento não satisfaz essa necessidade, ele vai começar a buscar outra coisa para pensar.
Quando notar os primeiros sinais de que isso está a acontecer, precisa lembrar porque está sentado na mesa. Você quer ganhar, certo? E mesmo se está na mesa apenas para divertir-se (e, lembre-se ganhar também é divertido), há coisas que pode fazer para evitar que seus pensamentos fiquem longe da mesa de poker.

Independente de quão monótona a ação pode parecer num determinado momento do jogo, há sempre pequenas coisas nas quais pode focar sua atenção. Isso requer um pouco de prática mental, pois não é algo que necessariamente gostaria de fazer em primeiro lugar. Talvez o jogo de futebol transmitido na televisão pareça muito mais atraente, mas você está aqui para jogar poker. Se jogar poker não é o objectivo principal, poderia ter ficado em casa, bebido uma cerveja e assistido o jogo sem distrações.

Então, o que pode fazer para manter sua concentração?
Para começar, tente encontrar um jogador na mesa que acha interessante, não importa qual seja o motivo. Talvez seja devido ao seu estilo de jogo ou seu comportamento ou até mesmo sua roupa. Não importa, qualquer informação pode tornar-se útil em algum momento. Concentre toda a sua atenção neste jogador. Quantas vezes ele aposta? Ele é um jogador agressivo ou passivo? Parece tímido? Ele está bebendo? Ele está assistindo o jogo na televisão?

Os outros jogadores na mesa de poker são os seus adversários. Eles não são seus amigos quando estiver jogando contra eles. Se forem, desculpe-me, mas você não está fazendo a coisa certa. Você vai desenvolver suas habilidades se o seu objetivo for ser o melhor jogador. E, para isso, precisa de toda a sua atenção voltada para o jogo que está jogando.

Assim, recomendamos focar neste jogador como se ele fosse o seu maior inimigo.
Às vezes vai perceber que não há muito que a sua concentração possa revelar sobre o seu alvo principal. Tudo bem porque há mais quatro ou oito jogadores na sua mesa. Mude o foco para o próximo jogador e pergunte a si mesmo as mesmas perguntas que fez sobre ele. Você pode, e deve, estudar cada um dos outros jogadores até que seu cérebro comece a ficar cansado. Ou, pelo menos, o suficiente para evitar que perca a sua concentração no jogo.

O jogo de adivinhação

Outra boa maneira de manter a sua atenção e também desenvolver suas habilidades de poker é jogar o "jogo da adivinhação".
A maioria dos potes com dinheiro podem ser pequenos e não atraentes, mas eles não são irrelevantes. Se começar a perceber que está perdendo sua concentração, regresse à mesa e, durante a meia hora seguinte, tente adivinhar quais são as cartas dos seus adversários. Não diga isto a ninguém, claro, os outros jogadores podem não gostar dos seus pensamentos.

Além de ajudá-lo a concentrar-se no jogo, este pequeno exercício vai ajudá-lo a tornar-se um jogador melhor. Claro, no início, vai ter as respostas erradas a maior parte do tempo. Mas com o tempo, vai tornar-se melhor no que faz. Mesmo supondo que seja difícil adivinhar a mão de um jogador, você vai começar a perceber que sua mente está mais focada no poker. Como resultado, jogará em menos mesas "entediantes". Sempre terá o desafio de reunir o máximo de informações sobre o que está acontecendo ao seu redor.

Manter a concentração no poker enquanto joga online

O poker online é um pouco diferente quando trata-se de manter sua atenção. Num ambiente de casino, as distrações são limitadas, mas quando estiver jogando em casa, há mais coisas que pode fazer enquanto joga. Pode escutar música, assistir a um vídeo no YouTube ou estudar. Tudo ao mesmo tempo, enquanto jogo um ou mais jogos de poker.

Não me interprete mal. Não quero dizer que não deve deixar de fazer o que precisa. Só quero dizer que não deve jogar poker enquanto faz outra coisa, pois seu jogo será prejudicado. Mesmo que o jogo comece a parecer fácil e as decisões simples depois de algum tempo, isto pode ser uma armadilha! Por não prestar atenção, os resultados vão ser prejudicados (ou, em alguns casos, vão resultar em perdas).

Ver vídeos de treinamento de poker também é uma distração. Pode pensar que está aprendendo, mas sua atenção estará dividida entre duas coisas diferentes: aprender e aplicar o que sabe. Fazer os dois ao mesmo tempo irá garantir que nenhum deles seja feito de forma adequada.

Se não estiver ocupado o suficiente com o jogo que está jogando, o poker online oferece uma solução simples: entrar em mais mesas. Assim que chegar o momento no qual seja difícil manter a ação em diversas mesas, saia de uma delas. Logo você vai regressar à sua zona de conforto, ou seja, um equilíbrio no qual seu cérebro está ocupado o suficiente para não se cansar, mas não cansado o suficidente de forma que possa continuar no jogo.

Ouvir música enquanto joga é comum e de um modo geral não há nada de errado com isso, mas precisa encontrar o tipo certo de música. Se um tipo de música deixa você muito relaxado, entrará na sua zona de conforto, mas pode ser o tipo errado de conforto. Pode ficar tão relaxado que não dará importância suficiente sobre o que acontece na mesa. Acontece o mesmo (exatamente o oposto) com músicas que podem agitá-lo até começar a jogar de forma imprudente ou muito agressiva.

Manter sua concentração no jogo em todos os momentos, certamente, não é a coisa mais fácil de fazer e requer esforço da sua parte. Posso prometer-lhe que os seus resultados vão melhorar à medida que começar a aplicar alguns destes conselhos. 

Boa sorte nas mesas e mantenha-se concentrado!


Fonte: TitanPoker

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Crônica - Parte 10 - "A Lenda do Poker"


Crônica - A série 

Parte 10: A Lenda do Poker 

Por MarcioCP

Debruçado sobre o balcão, meus olhos estavam fixos no nível da cerveja que subia na caneca a medida que o barman inclinava a garrafa. “Muita espuma!”, pensei. Como que lê-se meu pensamento, ele inclinou um pouco a caneca até enchê-la, de forma a fazer um bebedor como eu abrir um largo sorriso. Segurei a aba da caneca, me preparando para um grande e aliviante gole, quando no caminho à minha boca, parei a caneca. Com uma careta, coloquei a caneca de volta no balcão e, ao seu lado, deitei uma nota de 5, acenando sorridente para o barman. 

Em meu bolso, o celular havia vibrado, um aviso de que estava para começar. 
Perambulei de uma rua a outra, dobrei esquinas, subi degraus, olhei o elevador... Um senhor de chapéu estava parado ao meu lado. Todo trajeto do pub até o saguão daquele hotel, eu tinha feito quase sem notar, envolto nas imagens, nas sensações, nas lembranças. Porém, aquele senhor, velho, meio arqueado, com um rabo de cavalo todo branco fugindo do chapéu e se estendendo pelo comprimento das costas, foi a única coisa que me trouxe de volta a realidade. 

Estávamos, os dois, parados esperando o elevador, ele girou a cabeça em minha direção, seus olhos escondidos por óculos escuros apoiado num enorme nariz com ponta quadrada. Seu rosto, enrugado, esboçou um sorriso no qual pude ver dentes amarelos de nicotina que num breve relance desapareceram. A porta do elevador se abriu e ele entrou na minha frente, apertou o botão do 18º andar e se afastou para que eu apertasse o botão do meu andar. Fiquei parado, o elevador fechou, ele, então, virou-se e ficou me olhando. Durante o trajeto do elevador, aos poucos um sorriso de lado foi brotando, cínico, meio zombeteiro. Permaneci estático, tentando não demonstrar qualquer reação emocional àquela figura patética e bizarra que, agora, fazia de mim alvo de toda sua atenção dentro daquele minúsculo elevador. 

Alguns momentos depois, a porta do elevador se abriu, ele esperou um momento para que eu me adiantasse e saísse primeiro, eu fiz o mesmo. Naquele impasse, ele deu um sorriso de desdém e se movimentou, saindo do elevador e ganhando o corredor. Eu, dois passos atrás, segui-o até a porta do apartamento 1804. Parei a seu lado. Pelo canto do olho, podia perceber aquele sorrisinho cínico no canto da boca do velho. 

Um homem atarracado, com um blazer estilo feito sob medida, atendeu a porta com um largo sorriso. 
Imaginei que vocês dois já se conheciam. 
— Eu nunca vi este jovem em toda minha vida. — Desdenhou o velho, dando de ombros e entrando. 
Conheço o velho pela fama, uma lenda, dizem. Chamam ele de “Imortal”. Você sabe bem porquê estamos aqui. — Falei. 
— Sei, sim. Entre, preparamos tudo como se deve. 
Entrei e minha primeira visão foi a mesa preparada. Fichas, baralhos e um outro homem já sentado organizando tudo. 
—Vamos ao que interessa! Sentem-se, vocês dois sabem porque estão aqui e a gravidade. — Anunciou o homem de blazer. 

Olhei em volta da sala, outros dois homens estavam em pé, com os braços cruzados, caras fechadas, um em cada extremidade da sala. Sentei-me e, na mesa, apenas eu, o velho e o crupiê que havia terminado de organizar a mesa. 
Rapidamente, ele embaralhou e distribuiu a primeira mão... 

As horas se passaram, minhas fichas dobraram, triplicaram, caíram pela metade, metade da metade... novamente dupliquei... novamente caíram... e assim por diante. Eu passara a olhar de forma diferente para aquele velho estranho após as primeiras 3 horas de jogo. A forma como ele me segurava, me impedia de ganhar parecia quase que mágica. Sempre que eu achava que o havia pego, ele simplesmente se reerguia e se colocava novamente em pé de igualdade em fichas, me ultrapassava e eu tinha que começar tudo novamente. Após sete horas de jogo, isso se tornou extremamente irritante. Aquele homem era uma verdadeira lenda em seu tempo, ganhara tudo, de todos. Na verdade, eu quase apertaria sua mão naquele elevador se... se a circunstância fosse outra... 

Eu olhava para ele, ele se limitava a sorrir e, novamente, me jogava em uma armadilha que me forçava a correr ou me arriscar a perder todas as minhas fichas. 
Em certo momento, ele se levantou, começou a rir, empurrou todas as suas fichas num allin. 
Na mesa, um flop com 6♣, 9♣ e 8♣... o turn completou com um 7♥, me deixando acreditar que talvez ele tivesse uma sequência com T ou 5, dada a agressividade com que jogou toda a mão, porém, sem saber, estando batido pelo meu A4 de paus, meu flush! Mas, o river, ingrato como sempre, colocou um 7♣ na mesa. Nesse momento, foi que ele se levantou e anunciou allin gargalhando. 

Eu havia esperado que ele pagasse um allin meu, porém, agora, pagar um allin dele, perante a sua atitude, tornava-se algo indigesto. Com aquele 7♣, ele poderia ter uma sequência, um fullhouse, uma trinca... não, uma trinca ele não daria allin... O quê, meu Deus?! Por um momento, me desesperei... A alegria dele era demasiado irritante. Percebi, então! Ele tinha um Straight Flush! Ele tinha o T♣ ou o 5♣! 
Ao vislumbrar essa possibilidade, dei fold automaticamente. Recostei-me na cadeira sorrindo para ele. Eu havia escapado da sua armadilha.
Novamente ele se sentou, olhou para mim, abriu um largo sorriso e deitou na mesa um K2♦ suited. O sorriso morreu em meus lábios, meu sangue ferveu... ele conseguira me tiltar! 


— Muito fácil... Muito fácil, jovem... Tão fácil... Chega a ser infantil. Me disseram que você era bom, mas até agora, só fiz brincar com você numa queda de braço entediante. Disse ele, debochando. 
Você é um “velha guarda” astuto, cheio de segredos, cheio de artimanhas... foi assim sua vida toda? Blefando, fazendo pantomimas? Fingindo ser quem não é? Você é uma farsa! Já fomos longe demais! Estamos jogando há 9 horas! É hora de terminarmos! 
— O que propõe? Um Allin? — disse ele e, juro, pude ver a malícia escorrer de seus olhos. — Acha que podemos decidir simplesmente na sorte ao invés de na habilidade do poker? Tem tanto medo assim de mim? 

Aquelas palavras me atingiram como um raio. Eu havia tiltado ao ponto de fazer o que ele queria. Desafiá-lo era a coisa mais idiota que eu poderia fazer naquele momento. 
Vamos, garoto. Você tem algo em mente. Alguma hora temos que terminar. Só um de nós pode ganhar, sabemos o que está em jogo. 
Eu queria muito ganhar. Ganhar de uma lenda. Mas, como ganhar dele? Ele já fora um grande campeão e, havia me mostrado nas horas de jogo que, apesar de ter parado há muito tempo, de ter envelhecido, doente, esquecido, abandonado, ainda sabia todos os truques, todas as facetas e estratégias do jogo. Por um momento, percebi que estava diante do grande jogador que ele havia sido, e mesmo agora, ainda é. Seria glorioso ganhar dele. Ainda mais, porque ele tinha a noção que era superior a mim, então, tirar o sorriso cínico, irônico, desdenhoso daquele rosto enrugado valeria muito a pena! 

— Vamos jogar! — sorri, me inclinei e recebi minhas cartas do crupiê. 
Mais 2 horas se passaram, os homens que nos rodeavam, agora estavam dando sinais de exaustão. Acho que eles não esperavam que durasse tanto. 
Olhei para o “imortal”, então percebi, ele havia parado de sorrir, havia suor escorrendo pela sua testa. Comecei a imaginar que ele não suportaria muito mais. 

Mais uma hora se passou, ele começou a bufar, como se buscasse o ar. Na mesa, o crupiê me jogara um 5♣ e um 8♠. O velho parecia não se importar. Ele olhou seu pocket, novamente buscou ar. 
— Precisamos acabar isso. — bradou. 
— Se quiser desisti... 
— Não! — gritou desesperado. — Eu jamais desistiria. 
Dito isso, ele pagou a blind. O crupiê, cauteloso, aparentemente assustado, imaginando talvez que o velho estivesse perto de ter um enfarte, separou rapidamente 3 cartas e as colocou na mesa. Um 5♥, um 4♦ e um 5♠. 
O velho olhou o flop, resfolegante e apostou alto. 
— Você está bem? Se quiser parar, eu entenderei. Você não parece bem. 
— Eu estou ótimo! — Vociferou ele. — Jogue ou desista! 

Ele não estava pensando direito! Pude ver. Olhei para ele, balancei a cabeça e paguei. 
O crupiê puxou uma carta para o turn, um 8♥. O velho, mais uma vez respirou fundo. Novamente apostou, quase a metade do pote. Olhei, paguei. Pude ver medo nos olhos do velho, ele estava a ponto de ter um desmaio. 
O crupiê, puxando sua última e derradeira carta, abriu um 4♥ no river. Mais uma vez, o velho colocou quase meio pote. 
Dessa vez, eu me levantei da cadeira com um grande sorriso. Dobrei sua aposta. 
— O quê? Quer me iludir com meu próprio truque?! Jovem tolo! Quer me fazer correr com meu próprio blefe?! — Gritou, tremendo e quase tendo um ataque! — Allin! 

Sim, era o que eu queria. Queria que ele pensasse que eu estava blefando e fosse allin para me tirar da mão. O velho estava nas últimas, não estava mais pensando direito. Indo até a mesa, anunciei o call e virei meu fullhouse. Esperava que o velho tivesse um ataque cardíaco àquela altura. 
Surpreendentemente, ele, agora, estava ereto, respirando normalmente. Com toda tranquilidade do mundo, ele esticou a mão e virou um par de 4. Enxugou a testa e disse: 
— Eu lhe avisei, garoto. Muito fácil. Agora que você já teve o que queria... liberte a minha neta! 
Sentado, atônito olhando para a quadra na mesa, acenei para o empregado de blazer que soltasse a menina. 
— Minha dívida com seu patrão está paga! Diga-lhe isso. — O “imortal” pegou a mão da menina e saiu. 
Eu continuava atônito, olhando a quadra, pensando que havia perdido, porém, agora a dívida era minha e, com certeza, meu chefe iria cobrar... 


Fim!