quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Chegou o Momento de Descer os Limites?


Chegou o Momento de Descer os Limites?


Por Fabio Eiji

Construir um bankroll confortável, desenvolver seu nível técnico e jogar os limites mais caros disponíveis, concorrendo às maiores premiações, recebendo reconhecimento e disputando as primeiras posições nos rankings dos sites especializados. Esse é, sem dúvidas, o primeiro sonho da maior parte dos aspirantes a jogador profissional. E realmente é muito satisfatório chegar ao nível de jogar regularmente os maiores torneios das grades das Salas de Poker. É muito estimulante enfrentar os melhores jogadores do mundo. E é muito satisfatório ser reconhecido por isso.

Porém, quero falar aqui sobre um lado menos glamoroso e, ao mesmo tempo, realidade na história e cotidiano de quase todos os jogadores profissionais: o momento de descer os limites. Apesar de ser um tema relacionado a qualquer modalidade, pretendo tender mais à realidade dos torneios.

Para início de conversa, considerando um cenário ideal, fazer movedown nos limites que se joga geralmente consiste numa grande perda de tempo. Isso porque neste cenário ideal o jogador em questão tem um psicológico muito forte e um bankroll grande o suficiente para enfrentar as já previstas variações em seu gráfico de ganhos. Ou seja, perder um determinado valor já faz parte do planejamento do nosso sóbrio e maduro herói, que confia plenamente em suas habilidades e sabe que tudo isso faz parte de sua vitoriosa história.

Mas, como a maioria dos jogadores, mesmo os profissionais, não tem um perfil como o exemplo acima, temos 3 cenários mais comuns em que o movedown se mostra necessário: 1) quando o bankroll aperta; 
2) quando o jogador entra em tilt;
3) quando o moveup foi errado.

O primeiro cenário é o mais corriqueiro e acontece quando o jogador subestima o controle de bankroll e o tamanho das swings, que, em MTTs, podem ser assustadoras. É bem normal que um jogador passe meses sem vencer. Temos diversas histórias de jogadores vencedores em MTTs que já passaram até um ano inteiro perdendo. 

O segundo cenário geralmente está relacionado ao primeiro. É muito difícil manter-se jogando o seu melhor sem conseguir enxergar os resultados acontecendo. Muita gente muda o estilo de jogo, chegando a ficar muito mais tight ou muito mais spewy e sentindo-se pressionado demais em retas finais deixando de fazer as jogadas necessárias.

Já o terceiro cenário, também muito comum, dá-se quando o jogador gerencia equivocadamente e de maneira amadora sua própria carreira, apressando objetivos. Nesse caso inclui-se ainda a falta de maturação do jogador em diversos aspectos, inclusive suas habilidades. Aqui, muitas vezes a variância serve convenientemente de desculpas para fracassos quando, na verdade, ela já deveria ser considerada no momento do planejamento do moveup. As swings em MTTs também acontecem pra cima, ou seja, é comum que jogadores vençam torneios mesmo sem estar devidamente capacitados para tal, o que acaba afetando na avaliação de seu próprio nível de jogo e levando à uma supervalorização de si mesmo.

Meu primeiro conselho, portanto, é aquele que todos apregoam há muito tempo: uma gestão saudável de bankroll, que te permita jogar tranquilamente aquilo que propõe e que agüente as variações às quais estará sujeito. Essas variações geralmente são normais, mas não significa que deva aceitá-las passivamente - o que nos leva ao segundo conselho: esteja atento à qualidade de seu jogo! Tenha uma rotina de estudos que lhe permita manter a cabeça no lugar e atenta, de modo a perceber os erros mais básicos. 

Por último mas não menos importante: seja honesto, humilde e sincero consigo mesmo. Quanto mais alto o limite que se joga, maior tende a ser a variância, pois lá se encontram jogadores mais qualificados. Isso quer dizer que além de considerar o bankroll e se preparar para a variância, ainda é necessário uma rigorosa auto-avaliação do próprio nível de jogo para que se saiba se está realmente preparado para o novo desafio que se apresenta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário