domingo, 20 de dezembro de 2015

Como Jogar Poker contra Oponentes Loucos - Final


COMO JOGAR POKER CONTRA OPONENTES
 QUE PARECEM LOUCOS OU PSICOPATAS
( Parte Final )


Por: Rafael Justplay


Na semana passada eu falei sobre como jogar contra oponentes que parecem recém saídos de um manicômio (ou jogo do Corinthians, depende) e agem como loucos nas mesas. Hoje é dia de encerrar o exemplo que estava usando e indicar o que fazer para se dar bem nessas disputas.

Temos, então, o seguinte cenário: Você está com JhJc, o flop tem 9c2c6s e o turn trouxe a Qc. São 3 cartas de paus, uma delas maior e que poderia dar um par maior a seu adversário e você está com a ação. Deve liderar e apostar, fazendo com que o inconsequente dê o fold e você fique com um pote pequeno? Deve apostar e ver ele pagar, agora que ele acertou uma pedida e pode te vencer? Deve só passar e esperar ele apostar, para que você pague ou até aumente novamente a aposta?


Apostar fora de posição contra ele demonstra que você pode reduzir seu range a um determinado número de combinações aqui. Ao ver sua ação, ele poderá intuir que você tem o flush, está tentando um semi-blefe com A high pro flush ou mesmo tem uma trinca, dois pares ou mãos tão fortes quanto essas. Isso se acentua se ele repensar nas ações durante toda a mão, onde você deixou claro que tinha uma mão forte. Nesse momento, você só tomaria call de mãos que poderiam te bater, o que deixaria sua aposta cara demais e seria quase como jogar fichas fora. O fato de não estar em posição, nesse momento, até reforça sua ação e pode confundir. O problema é que ao tomar o call ou até mesmo receber uma 3bet nesse momento é algo que você talvez não queira. E ele sabe, com certeza, que não se trata de um blefe seco, ao menos em teoria, já que você comprometeu mais da metade do seu stack até o momento. E sempre tem a chance de ele apostar mais uma vez no turn, já que você dando mesa pode induzir ele a blefar mais uma vez, que é tudo o que você quer nesse momento com uma mão tão forte.

O river veio e é um 4 de paus. Que carta terrivelmente complicada, como todo turn parece ser. Com duas cartas vermelhas na mão, é possível que você já não tenha mais a melhor mão nesse momento. Mas agora podemos pensar no que restou e colocar seu adversário em uma mão.

Você decide apostar mais uma vez, fora de posição. Uma pequena aposta, metade de seu stack nesse momento, que só completa o pote. Sua esperança é espantar seu adversário, caso ele tenha blefado o tempo inteiro. Mas, novamente, no turn sabíamos que ele somente faria algo se estivesse com uma mão decente, uma pedida forte ou um blefe total. Apostando novamente, sobrariam mãos decentes para ele nesse momento. Talvez AJc, AQo, KQo ou A5+ com pedida de flush, talvez alguma outra coisa. Seria melhor ter desligado essa mão? Teria o maníaco nos pregado uma peça dessa vez, ao invés de ser uma máquina de apostas igual tem sido em outros momentos? Apostar aqui não faria nosso oponente fugir com mãos melhores que a nossa, com exceção de talvez um AA, KK onde fossem ambas vermelhas, mas dificilmente ele teria isso dada a construção da mão. Então temos que dar mesa e aguardar a ação dele. Ele te coloca em all in, apostando todas as fichas. O que você faz?

Você foge. Ele mostra A7 de ouros, um blefe. E você mais uma vez perde um pote gigante por não ter pensado claramente, como estamos fazendo nesse momento. Mas entende onde quero chegar com esse exemplo e com essa conversa? Nós temos que pensar o tempo inteiro na construção da mão, em nosso adversário, em tentar entender o que ele está fazendo e o porque de ele estar agindo como está. O blefe total está completamente dentro do range de ações dele, assim como jogar de forma passiva para simular um monstro no river. Ele viu um spot e aproveitou, mais uma vez, já que ele pode ser um louco na mesa de poker mas não é burro. E você, por ter se envolvido sem conseguir pensar nas possibilidades, acabou se comprometendo com o pote e deixando ele para seu adversário.

Quando falamos que o poker é um jogo que não necessariamente depende das cartas é disso que estamos falando, sobre a análise de pessoas. Maníacos tendem a tentar nos confundir o tempo inteiro, com jogadas ousadas, as vezes absurdas, mas que sempre contam uma história. Tamanho de aposta conta. Tempo pensando conta. Perfil do adversário conta. E, mais do que nunca, ter frieza nos movimentos e não ter medo de largar uma mão batida enquanto é tempo são características muitas vezes mais importantes do que conseguir ler a história da mão no momento em que está disputando-a.

Muito longo? Muito técnico? É só um pouco de pensamento analítico, para abrirmos a mente em relação as probabilidades e capacidade de prestar atenção ao que está acontecendo na mesa de poker. Se você pensar nisso vez e outra será capaz de evoluir e ir adiante.


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