quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Valor X Blefe


Valor X Blefe


Por Rafael Vilella


Um dos erros mais comuns cometidos no poker, e quando digo isso não me refiro apenas aos iniciantes, visto que muitos jogadores com experiência erram muito também nesse quesito, é o size bet, ou seja, o tamanho da aposta efetuada. Isso ocorre, em sua maioria das vezes, pelo fato de o jogador não ter total domínio sobre o conceito de valor e blefe e por esse motivo erra na hora de apostar.

Diante disso, irei falar um pouco deste assunto hoje, dando a minha opinião de valor e blefe para que quem estiver começando a jogar poker já comece a se questionar sempre sobre esse assunto, e toda vez que for tomar uma decisão no jogo, tenha total certeza do real motivo daquela ação.

O valor de uma mão muda a cada rodada de apostas (street), por esse motivo, mesmo que tenhamos uma mão de alto valor como o AA, ela pode perder seu valor absoluto após o flop, turn ou river de acordo com as cartas apresentadas e as jogadas dos adversários da mesa, por exemplo. Por isso é importante analisar o valor de suas cartas em cada momento do jogo, antes de tomar sua decisão.

Vale lembrar que o size bet é sempre baseado no tamanho do pote disputado. Você não irá ofertar R$20 mil em um carro que vale R$10 mil, correto? Então também não irá apostar 500 fichas em um pote de 200, ok?

Para que você consiga ter uma análise mais precisa do valor que sua mão tem em cada rodada de apostas (street) é preciso analisar sempre quais são as possíveis combinações de cartas (range) que seu adversário tem de acordo com as jogadas dele, posição na mesa, estilo de jogo, etc. Eu sei que isso é algo mais complexo para quem está começando, mas é preciso que você preste atenção nisso agora que está aprendendo, pois essa habilidade é construída com prática, então quanto antes você começar, antes você vai aprender.

Como fazer isso? Bom, ao longo dos artigos, farei alguns mais técnicos como esse e abordarei esse assunto mais profundamente, mas de início um bom exercício é você ir acompanhando a mesa em todas as mãos (mesmo as que você estiver fora do jogo) e pensando com quais cartas você acredita que os jogadores tomariam aquelas decisões e prestar atenção nas cartas que eles apresentarem ao fim da mão (showdown).

Com isso, você vai vendo com quais cartas os adversários têm tomado determinadas ações e aprendendo a colocá-los em um determinado range nas mais diversas situações. Porque isso é importante? Porque quando você estiver disputando uma mão com esses oponentes, você vai conseguir avaliar melhor a possibilidade de estar vencendo ou perdendo a mão e então definir se você está jogando por valor ou por blefe (inclusive verificar se o blefe passaria, ou seja, o oponente foldaria para sua aposta).

É importante lembrar que sempre, SEMPRE, que você for dar uma ação no poker você precisa saber o porquê de estar tomando aquela ação. Todas as vezes que você não souber essa resposta, você tende a estar errando. Não preciso nem dizer que errar no poker é perder dinheiro ou fichas, né? Pelo menos no longo prazo sim!

Uma vez que você identificou se está jogando por valor ou por blefe, você precisa escolher a melhor decisão para arrecadar mais fichas naquela mão, ou se deve desistir dela, caso a situação tenha ficado desfavorável. Porém como o foco aqui é você decidir se irá jogar por valor ou blefe, irei desconsiderar as situações de fold, visto que fold não encaixa em situações de valor ou blefe, ok?

Quando você tem um valor relativo na sua mão, ou seja, você tem uma mão de valor, mas não está nuts (a mão mais forte possível naquela situação), a melhor jogada tende a ser jogar de forma menos agressiva. Assim você não infla muito o pote e não precisa investir muitas fichas em um pote que você pode precisar foldar em outras streets ou ainda pode perder a mão no showdown. O sizebet nessas situações não devem ser muito grandes e quando formos apostar é necessário pensar antes o que faremos se o vilão der raise (aumentar a aposta) para sabermos se o ideal será bet e call no raise ou bet e fold. E para essa decisão é importante encaixarmos o vilão em um range.

Já quando você tem valor absoluto na mão, ou seja, está nuts ou a probabilidade de você ter uma mão melhor que seu adversário é quase 100%, você irá definir a ação de forma a aumentar a arrecadação de fichas.

Por vezes será melhor você pedir mesa, para incentivar o adversário a blefar, outras você precisará apostar pouco para receber call de mãos muito piores ou ainda apostar pouco para demonstrar fraqueza e receber um raise do adversário. Ainda terá vezes que será necessário apostar forte para extrair muitas fichas de uma mão boa, mas que você está vencendo. Isso você irá definir de acordo com as cartas da mesa, a forma que a mão foi jogada e o range que você colocou o adversário, tal como o estilo de jogo do vilão.

Para exemplificar uma situação de jogo:

“Você abre raise em posições finais com 99 e recebe call do big blind. O flop abre 7K3. O adversário pede mesa e a ação vai para você”.

Nesse momento, você tem uma mão de valor, mas não a melhor possível na mesa (não está nuts). Nessa situação a melhor opção seria o check por valor, visto que se você optar por apostar você estaria blefando que tem a melhor mão, enquanto não tem. “Após você dar mesa o turn abre um 2 e o oponente pede mesa novamente”. Já nessa situação, você – provavelmente – tem uma mão melhor que seu adversário que pediu mesa novamente, mesmo você não tendo apostado no flop. Como você chegou à conclusão que você tem valor, a melhor opção seria apostar um valor que seja suficiente para mãos piores (pares menores, por exemplo) pagar sua aposta. Porém, como dito anteriormente, é importante definir se será bet/call ou bet/fold.

Como existe a possibilidade de o oponente ter acertado o K e estar dando mesa para incentivar você a apostar, ou ainda ter acertado 2 pares, iremos avaliar o tamanho do raise do vilão, caso ocorra. Se for um valor pequeno, iremos pagar, pois o valor a pagar será pequeno pelo tamanho do pote e temos chance de melhorar nossa mão no River. Já se for um valor muito alto em relação a nossa aposta, iremos foldar. “Você apostou e o adversário pagou. O River abriu um 9 e novamente o adversário pede mesa”. Após o river você tem uma trinca – mão de muito valor, mas não é o nuts. Contudo, pela forma como a mão foi jogada, descartamos a possibilidade de o vilão ter KK, visto que não deu re-raise pré-flop (o que ele faria em 99% das vezes com essa mão).

Com essa informação, entendemos que não tem chance de o vilão ganhar de nós. Ao mesmo tempo, o vilão pagou nossa aposta no turn, o que nos induz que ele possui alguma mão de valor médio ou não acredita que temos uma mão de valor e que pode vencer a mão. Por esse motivo, iremos fazer uma aposta um pouco mais alta para arrecadar mais fichas. Isso porque sabemos que, nessa situação, quem paga uma aposta de 40% do pote, irá pagar também uma aposta de 70% do pote, assim como quem folda para uma aposta de 70% folda também para uma aposta de 40%, ou seja, apostar 70% tem o mesmo efeito de apostar 40%, então se queremos ganhar mais fichas, precisamos apostar mais alto (70%). É importante ressaltar que o % do pote utilizado aqui nesse exemplo serve apenas para exemplificar realmente, pois esses valores irão variar de acordo com cada situação para fazer a melhor jogada possível.

Falamos das vezes que estamos jogando por valor, correto? E quando decidirmos jogar por blefe? Bom, em primeiro lugar é importante existir uma probabilidade grande de o adversário não ter um valor muito alto na mão, a ponto de que nosso blefe não irá passar. Além disso, sempre que definimos que estamos jogando por blefe, é preciso saber se a forma que jogamos anteriormente nessa mão demonstra que temos um range de valor na mão, para que o vilão acredite que temos uma mão boa e não pague nossa aposta.

Outro ponto importante a se atentar é a forma que jogaríamos essa mesma situação se realmente tivéssemos valor na mão e jogar da mesma maneira quando estivermos blefando. Isso porque, quando formos decidir blefar uma mão, é necessário que toda a jogada, desde o pré flop, siga uma linha que demonstre que temos a melhor mão, ou seja, devemos “contar uma história” que convença o adversário de que ele está perdendo e por isso ele deve foldar a mão. Não podemos esquecer de analisar o adversário antes de decidir blefar uma mão.

Se sabemos que é um adversário que dificilmente folda uma mão, não adianta tentar blefar, pois dificilmente vai passar. Se é um adversário que aposta muito pouco e está apostando naquela mão, ele provavelmente tem uma boa mão e dificilmente vai largar, ou seja, o blefe também não vai passar. Nós tendemos a blefar mais em cima de adversários que jogam muitas mãos de valor baixo, pois na maioria das vezes terão mãos ruins suficientes para foldar para nosso blefe. Nossa imagem na mesa também é muito importante para definir se nosso blefe irá passar, por isso também devemos ficar atentos a isso.

Por fim, não posso deixar de citar que o momento do torneio é decisivo para definir se vale ou não vale a pena optar por blefar. Por exemplo, início de torneio é um péssimo momento para jogar por blefe.


Bom galera, o artigo ficou um pouco extenso hoje, mas dei meu máximo para que ficasse bem detalhado e explicado para gerar um conteúdo legar de estudo para vocês.




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