quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Importância dos Blockers nos Cash Games


A Importância Dos Blockers Nos Cash Games


Por Craig Tapscott
Com Matt Moore, Tristan Wade e Andrew Lichtenberger

Diferentes pontos de vistas, uma mesma situação. Dicas de como lidar com os famosos blockers, cartas que você segura e que, por isso, podem mudar consideravelmente a percepção do range do seu adversário.

Craig Tapscott: O que você pode falar sobre blockers em cash games e como usar isso a seu favor?

Matt Moore: Hoje, é comum você ouvir jogadores vomitando a palavra “blockers” em volta de uma mesa de poker, seja na $1-$2 ou na $50-$100. Geralmente, escuto isso de um jogador, que acabou de perder todas as fichas, tentando justificar um hero call ou blefe que deu errado. “Mas eu tinha blockers”, é a famosa última frase de muitos que estão se levantando da mesa de no-limit hold’em (NLH) $10-$20 do Bellagio. Na verdade, a coisa mais importante sobre blockers é: não se preocupe com blockers.
Sim, estou brincando, mas apenas parcialmente. Em quase qualquer jogo de NLH abaixo de $25-$50, os ranges não serão tão balanceados, então, levar em conta os blockers, não terá tanto efeito nos ajustes que você tem que fazer em relação à gama de mãos do seu adversário. Use a sua intuição.

De uma forma simples, eu uso os blockers para manter uma linha. Por exemplo, dou raise do cuttoff e um jogador desconhecido do small blind paga. O bordo vem J♦ 7♦ 6♠. Eu aposto. Meu oponente dá raise. Nessa situação, J-10 e 10-10 parecem ter o mesmo valor, mas eu daria fold no 10-10 e continuaria com J-10. Por quê? Blockers. Por eu segurar um dos três últimos Valetes do baralho, existem mais combinações de draws na mão do small blind do que de J-X mais fortes do que o meu. 
Tristan Wade: Blockers são muito importantes quando jogamos cash games. Não apenas por saber quais cartas não estão em jogo, mas também por podermos representar ranges que incluem essas cartas. Blockers desempenham papéis significativos e diferentes em todas as formas de poker, como no pot-limit Omaha (PLO) e no NLH. O que devemos compreender é que sua jogada vai depender do seu adversário. Suas estratégias mudarão caso seu oponente entenda ou não o conceito de blockers.
Recentemente, joguei uma mão contra um oponente que entendia esse conceito. Nós havíamos jogado algumas vezes juntos, então eu sabia do que ele era capaz. A mesa era de NLH $5-$10. Eu tinha K♣Q♠, em um pote que abri raise e ele defendeu o big blind. O flop veio A♦ J♣ 7♣. Ele deu check-call no flop, e o turn trouxe um A♣. Novamente, ele deu check-call. O river foi um 5♦, e ele pediu mesa. Essa é uma situação em que eu, geralmente, vou dar o terceiro tiro, mas nem sempre, principalmente contra esse vilão. Depois que ele pagou turn, seu range é composto por mãos de valor (flushes, A-X, J-X), e ele também sabe como esse bordo afeta meu range. Essas são apenas duas explicações de por que dei check no river e desisti do pote.

Andrew Lichtneberger: Usar seu conhecimento sobre blockers em cash games lhe ajuda a entender como as combinações do range de mãos do adversário muda, lhe mostrando se a sua equidade para levar o pote melhora ou piora, levando em conta a conectividade do range do oponente com o bordo.
Um exemplo simples: se você tem uma carta de copas e há três cartas de copas no bordo, é menos provável que o seu adversário tenha um flush do que se você não tivesse um blocker. O quão isso é relevante depende da carta de copas que você segura. No geral, quanto mais alto o seu blocker, mais importante ele é, já que as pessoas tendem a jogar mais Ases, Reis, Damas e Valetes do que Dois, Três, Quatros e Cincos.




Craig Tapscott: Como usar essa informação para blefar no river?

Matt Moore: Quando você está jogando contra jogadores de alto nível, que pensam o jogo e têm um range balanceado, fica mais e mais difícil de termos a certeza de onde estamos na mão. Esse tipo de oponente planeja o seu range de maneira que, quando eles dão raise no flop, para cada dois pares e sequência que acertem, eles também tenham um draw para flush ou sequência. Isso faz com que fique difícil jogar contra eles, e nos coloca para pensar se nosso top pair é bom ou não.

Vamos dizer que eu abro raise com A♣K♠ do meio da mesa e um desses bons jogadores me paga do button (BTN). O flop vem K♣ Q♦ 9♣. Faço uma continuation bet de dois terços do pote. O BTN dá raise, e a ação volta até mim. Apesar de top pair/top kicker ser uma mão forte com apenas três cartas viradas, em um flop K-Q-9, essa força é relativa. Quando pensamos sobre as mãos que nosso oponente representa, temo a seguinte situação: são três combinações de 9-9, quatro combos de J-10 suited e seis combos de K-Q. O que dá um total de 13 combinações por valor. Mas de acordo com o que disse antes, vamos pensar que ele dará raise com todos os draws para flush, além de A♣10x e A♣Jx. Vou dar a ele seis combos de flush draws que não contenham um Ás.

Agora, já que as pessoas, contra um primeiro raise, costumam jogar qualquer A-X suited em posição, posso adicionar outros 12 combos de draws para sequência e flush, se eu não segurar o A♣. Nessa situação, isso triplica a frequência com que ele blefa e faz o fold ser uma jogada bem ruim. Mas como eu tenho o A♣ como blocker, posso dar fold tranquilamente, sabendo que o range do adversário está bem à frente do meu top pair.

Aplicar a matemática de maneira correta pode ser difícil e irrealista durante uma mão. O importante, então, é entender quais blockers afetam mais o range do nosso oponente. Por exemplo, um Ás para blocker de um flush é três vezes mais significativo do que outro blocker qualquer para esse mesmo flush. Isso porque as pessoas tendem a jogar todos os seus Ases naipados, enquanto só jogam outras cartas do mesmo naipe se as mesmas estiverem levemente conectadas.

Tristan Wade: Quando jogar cash games deep-stacked, você pode chegar ao river de diversas maneiras. Isso é perfeito para você inflar o pote e preparar um grande blefe — se você não for pago com tanta frequência. Na maioria das vezes é melhor você ter algum tipo de blocker, ou provavelmente estará jogando dinheiro fora. Não é preciso ter a carta que representa o nuts, contanto que tenha uma carta na sua mão ou no seu range que você possa representar. Um amigo jogou uma mão que ilustra perfeitamente o que estou dizendo.

Os stacks efetivos são de 100 big blinds. O BTN aumenta e meu amigo paga no big blind com 10♣7♣. O flop é muito bom: 9♣ 8♥ 2♣. Meu amigo sai apostando metade do pote, e é pago. O turn é um 8♠. Meu amigo pede mesa, o BTN aposta; meu amigo dá raise e então cria um pote grande, o que lhe possibilita empurrar all-in no river. O river é uma Q♠ e ele sai de all-in, que é um pouco mais do que o pote. O BTN dá fold.

Esse blefe pode ter funcionado por muitas razões, mas a lição é que meu amigo, da maneira que ele jogou a mão, pôde representar um grande range de valor. Ele também tinha um Dez, então foi possível retirar alguns combos de J-10 da mão do vilão e jogar como se ele próprio possuísse essa mão. Quando você joga contra jogadores bons, tirar vantagem de informações extras, definitivamente, ajuda.
Andrew Lichtneberger: Usar os blockers ajuda a blefar o river, mas o mais importante é saber se o range que você representa é mais forte do que o do seu adversário. Como eu disse antes, quando você tem uma carta de copas na mão e o bordo traz três cartas de copas, é menos provável que seu oponente tenha o flush. Assim, se você acredita que o range de call dele é tight o bastante para dar fold frente a seu blefe, então faz sentido blefar com um blocker. Porém, se sempre fizer isso, você se torna explorável; então o seu oponente vai procurar top pairs e bluff-catchers para lhe dar call, e sua estratégia de blefar apenas com blockers será inútil. 

SOBRE OS JOGADORES

Matt Moore
Graças ao poker, Moore paga seu aluguel em dia desde 2010. Na última WSOP, no heads-up do Evento #30, ele jogou fora a liderança e chance de conquistar um bracelete em um blefe malsucedido. Ele mantém o site www.AnotherKidAnotherDream.com.

Tristan Wade 
Wade é um jogador profissional e treinador de poker. Ele é diretor de operações na DeepStacks. Conhecido como “Cre8ive” no online, ele já jogou o BSOP em duas oportunidades.

Andrew Lichtneberger
“LuckyChewy”é membro do Team Ivey. Ele faz vídeos e escreve para o site de treinamento leggopoker.com e já ganhou mais de US$ 4 milhões jogando poker.





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