sábado, 18 de março de 2017

Mãos Iniciais Fortes


Não deixe que as Mãos Iniciais Fortes façam com que você acredite que ‘mereça’ o Pote




A maior parte de nós entende como as melhores mãos iniciais não necessariamente tornam-se as melhores mãos finais no No-Limit Texas Hold’em.

É sempre bom olhar para um AA ou AK ou, às vezes, até mesmo um 99 e saber que você certamente (ou provavelmente) tenha a melhor mão inicial dentre todos os jogadores antes da ação começar. Porém, quatro rodadas de apostas depois e cinco cartas comunitárias depois, até mesmo AA pode estar vulnerável e não garantir que você irá ganhar o pote.

Embora nós saibamos que isso seja verdade, há vezes em que ainda resta um tipo de barreira psicológica em aceitar o fato de que a sua boa mão inicial não irá ser a vencedora. Para alguns jogadores essa barreira se torna mais difícil de ser superada quando eles jogam suas mãos iniciais fortes de maneiras não ortodoxas – quando suas jogadas “avançadas”, na verdade, levam eles a situações onde suas mãos perdem valor (e provavelmente devam ser jogadas fora).


Muito cuidado com mãos iniciais fortes – não se iluda!


Eu vi isso ocorrendo durante um jogo caseiro algumas semanas atrás. Uma mão começou e eu estava em uma posição inicial e recebi algo como J♣ 4♦ e desisti. O jogador à minha esquerda entrou de limp e a mesa rodou em fold até o jogador no cutoff que também entrou de limp.

Não estava havendo muitos limps nesse jogo, mas ocasionalmente isso acontecia e então não parecia ser surpreendente ver o botão e os dois blinds se juntarem a um pote com cinco jogadores. Isso foi um exemplo sobre o que o autor de poker John Vorhaus uma vez chamou de “limpede” em seus livros “Killer Poker” – isso é, um jogador em posição inicial paga, o que encoraja uma debandada de limpers.

É o jogador do cutoff em quem nós estamos focados nessa mão porque, como isso se revela, ele deu limp com Q♣ Q♠. Agora ele era um dos cinco jogadores a ver o flop T♦ 8♦ 7♣.

A ação rodou em check até ele, que apostou forte – aproximadamente 3/4 (75%) do pote, se bem me lembro – e tanto o botão quanto um dos blinds pagaram. O turn trouxe um 3♦, adicionando um terceira carta de ouros no board. Dessa vez, o jogador nas blinds donkbeta (aproximadamente 1/2 (50%) pote), o jogador com QQ pagou e o botão desistiu.

O river foi um 6♣. Agora havia quatro cartas para completar uma sequência com aquela carta de ouros e o jogador das blinds estava apostando de novo. O rapaz com QQ hesitou um pouco antes de pagar e já estava balançando sua cabeça negativamente quando o outro jogador mostrou um K♦ J♦ que havia feito o flush.

Então ele mostrou suas QQ e resmungou sobre como ele sabia que estava atrás e deveria ter desistido no turn.

Analisando a jogada após sua conclusão – Pré-Flop


Estrategicamente falando, a decisão dele de não aumentar a aposta antes do flop foi obviamente ruim por vários motivos. Ele não está aumentando o pote com uma das melhores mãos em No-Limit Hold’em. Ele não está fazendo nada para garantir a si mesmo a melhor posição no pós-flop (e de fato o botão também pagou, significando que ele não pode agir por último depois do flop). Ele também está convidando a “manada” que veio depois do seu limp, e até mesmo ele está mais certo de ter a melhor mão inicial com relação aos outros quatro jogadores com suas Q♣ Q♠ , e que agora seja menos provável que suas QQ venham a vencer contra quatro oponentes do que contra apenas um ou dois.

Podemos concordar de que o limp pré-flop não foi uma boa ideia. Em alguns casos entrar de limp pode não ser uma jogada ruim, por exemplo, quando há um jogador loose-agressive para agir que você está seguro de irá dar raise (e com uma variedade grande de mãos, incluindo muitas mãos fracas). Você até poderia re-aumentar, mas na maioria dos casos isso não seria uma jogada lucrativa.

Analisando o Pós-Flop


Com relação às suas decisões no pós-flop, penso que ele bateu de frente contra aquela barreira mental que mencionei acima. Ele sabia que tinha a melhor mão no pré-flop, o que o levou ao sentimento de que “merecia” ganhar o pote apesar de a ação e do bordo mostrarem claramente que suas QQ não seriam boas no showdown.

Também acredito que sua tentativa de jogada “avançada” (o limp pré-flop) misturou o problema, tornando isso mais difícil para ele desistir do seu par de Q. Ele foi tão astuto ao “esconder” o fato de que tinha uma mão inicial forte que tornou ainda mais difícil para ele não jogar até o fim e mostrar para todos o que tinha (quando ele nem precisava ter feito!).

Em outras palavras, enquanto o erro pré-flop foi pequeno, os calls que se seguiram foram erros maiores e mais caros. São os últimos os erros mais caros que as pessoas cometem com maior frequência e com as mãos iniciais mais fortes, em parte porque possuem um senso de merecimento trazido pela vantagem pré-flop.

A maioria de nós jogaria um par de Q agressivamente pré-flop, assim como outras mãos iniciais fortes. Porém, quando nós aumentamos com QQ e alguém paga e, no pós-flop, esse jogador mostra agressão contra nós em um bordo conectado, por exemplo, T-high, temos que estar preparados para desistir da nossa mão.

Em Super/System, Doyle Brunson falou sobre o par de A e o par de K que “uma das duas coisas acontecerão frequentemente…ou (1) você ganhará um pote pequeno, ou (2) você irá perder um pote grande.” Isso nem sempre se prova verdade, é claro. Porém, o que está por trás disso é bom lembrar – receber uma mão inicial forte não é garantia de que você ganhará um grande pote logo em seguida.

Não deixe a mão inicial forte iludi-lo em acreditar que não há um esforço a ser feito para ganhar um pote com ela. Ter duas boas cartas iniciais deve ser encarado como um bom passo inicial em direção a ganhar fichas, e não uma promessa de lucro. Não permita que tais mãos ceguem-o conforme você vai jogando a mão, tornando-se uma barreira que mais dificulta do que ajuda.




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