sábado, 23 de fevereiro de 2019

Como o Poker me Ajudou



Como o Poker me Ajudou

 a Parar de Sentir Culpa




por Geronimo Theml


Se liga, teve um período da minha vida que eu jogava muito poker. Chegava a jogar 10 ou 12 horas por dia, competi e fui campeão capixaba. Cheguei até a considerar jogar profissionalmente. No entanto, essa não é a história que eu vou contar hoje. Quero dividir contigo o que eu aprendi sobre culpa e arrependimento enquanto jogava poker.

Não sei se você sabe como jogar, então vou explicar bem rapidinho aqui. Você tem que tomar algumas decisões ao longo de uma rodada (uma das modalidades se chama texas holding). Primeiro você recebe duas cartas, e decide se vai jogar ou não aquela mão. E então são viradas mais 3 cartas na mesa, e precisa tomar outra decisão. Depois se abrem mais uma carta, e outra, e assim por diante. Em cada rodada são necessárias váááárias tomadas de decisão.

Chegando nas mesas finais, sempre tem um monte de gente assistindo, e justamente no final é que começam os comentaristas de mão aberta. Vou dar um exemplo: eu pego minhas duas cartas e decido jogar a mão, mas perco. No final da rodada, algumas pessoas vem e me dizem que eu não deveria ter feito aquilo, pois foi aquele movimento errado fez com que eu perdesse a rodada.

Aquela situação me deu uma lição incrível pra vida: é muito fácil dizer o que você deveria fazer (ou o que outra pessoa deveria fazer) quando as cartas já estão abertas. Às vezes temos que tomar decisões, como escolher um caminho ou outro. Se eu escolho um e esse dá errado mais lá na frente, eu só consigo ver o resultado justamente por estar lá.

Quando as cartas estão abertas, eu to vendo que aquele caminho dá errado, e é muita crueldade comigo mesmo me culpar por uma decisão que tomei lá atrás, quando as cartas não estavam abertas ainda, como num jogo de poker. Não sei quais são as cartas que vão virar, e eu tenho que tomar uma decisão com base naquilo que tenho no momento.

Não sei o que vai acontecer com o jogador depois de mim, se vai aumentar o valor da rodada ou se vai fugir, por exemplo. Eu só posso jogar com as informações que eu tenho, então quando termina uma mão de poker, eu posso me perguntar, apenas, se joguei bem ou mal. Se joguei mal, vou atrás de entender o que posso melhorar naquela mão para quando houver outra oportunidade, parecida com a que vivi, eu consiga evoluir e mudar o jogo.

Se tomo uma decisão que não é tão boa, colocar a culpa no “eu” do passado não adianta, pois as cartas não estavam abertas. Não seja um comentarista de mão aberta da sua própria vida!

Quando você chegar lá na frente, enxergar que errou e alguém vier dizer para você que não deveria ter tomado aquela atitude ou aquele caminho, o que você pensa dentro da sua cabeça? Saiba que essa pessoa está fazendo isso por amor a você, acredite! Por amor a essa pessoa, esquece o que ela disse e só agradece por ela ter se importado contigo.

A vida é como eu vejo, então eu crio o que eu vejo. Se coloque no lugar da pessoa e não massacre ela quando acontecer uma situação assim, é muito melhor falar algo como “Eu sei que é fácil falar agora que as cartas já estão abertas e eu já sei que deu errado, mas queria dizer pra você que se eu fosse você, numa outra oportunidade, teria feito de tal forma… Talvez essa informação seja útil no seu próximo desafio. Queria parabenizar você por ter tido coragem e tomado essa decisão na sua vida”

A forma como eu dou significado a um acontecimento é levada ao longo da vida. Muitas vezes a gente começa a se punir e ser cruel, pensando coisas fortes como “Só tomo decisão errada!!”. Isso só aumenta os sentimentos de culpa e arrependimento.

Lembre-se: o que você vê, você cria. Da próxima vez, pense assim: “Ah, agora é fácil eu ver que deu errado porque as cartas já estão abertas. Não vou nem me punir, nem punir outra pessoa. Vou aprender com o que aconteceu para, na próxima vez, tomar uma decisão melhor”.

Culpa e arrependimento são pedras que a gente vai colocando na nossa bagagem ao longo da jornada. Deixa os dois lá atrás e tire aprendizados, pois eles sim são balões que me levam pra frente. O mesmo acontecimento pode ser visto como uma pedra ou como um balão, só depende de quem vê.





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