quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poker Sem Preconceito

Os amigos que acompanham o nosso blog sabem que não sou de copiar muitos artigos, só coloco aqui aquilo que realmente acho importante e interessante.

Este é o caso deste artigo que foi publicado no site e-Band, importante veículo de comunicação na internet da TV  Bandeirantes.

Acho muito importante todos lerem como fonte de argumentos e informações para conversar com amigos, familiares e todos aqueles que ainda tem a velha mania de afirmar que o Poker é um jogo de azar e que é proibido por lei. Com certeza depois desses argumentos vão pensar diferente sobre o assunto.

Segue abaixo o artigo na íntegra.

 

Pôquer supera preconceito e se firma como esporte


Roberto Saraiva

rsferreira@band.com.br

Na última década, o pôquer passou de prática mal vista para esporte reconhecido mundialmente e televisionado para diversos países, mas ainda mantém para algumas pessoas a velha imagem de porões esfumaçados e ilegalidade.

De ilegal a disputa não tem nada, de acordo com o advogado Luiz Guilherme Moreira Porto, que representa a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold`em), entidade oficial do esporte no país. Para ele, não há dúvidas quanto à legalidade, e a área nebulosa vem do preconceito que a sociedade ainda tem. “Não existe disputa judicial, existiria se houvesse alguma discussão, mas não tem porque o pôquer já é reconhecido pela própria lei”, afirma Porto.

A Lei de Contravenções Penais descreve o jogo de azar como tendo ganhos e perdas dependentes exclusivamente ou principalmente da sorte. A tese de que o pôquer não se enquadra nessa definição é amplamente aceita no Brasil e no mundo e inibe ações repressivas da polícia. Entre os argumentos usados para legitimar a prática, está o fato de que conhecer as regras e ter a capacidade de contar as cartas na mesa, e portanto as probabilidades, é fundamental para ter sucesso após algumas rodadas, como assinala um laudo feito pelo escritório do ex-professor da Unicamp, Ricardo Molina.

O matemático também ressalta o aspecto psicológico do jogo, já que ler as intenções dos adversários e esconder as próprias é uma tática vital, segundo a maior pesquisa já feita sobre o assunto, pela empresa americana Cigital. Os estudiosos observaram 103 milhões de mãos (rodadas) e concluíram que 75,7% delas terminaram sem que cartas fossem mostradas e sim com um jogador fazendo com que os outros desistissem antes dessa fase. Das que foram até o fim, metade terminou premiando os participantes com os piores jogos, já que os detentores das melhores combinações não “pagaram para ver” e saíram antes. De acordo com o estudo, isso significa que a distribuição aleatória de cartas, onde o fator sorte está presente, representa muito pouco para o resultado do jogo.

A lei também considera jogo de azar as apostas sobre qualquer competição esportiva, com exceção de corrida de cavalos em hipódromos. Esse é o caso do pôquer, provavelmente o único esporte do mundo em que a aposta é o elemento principal da disputa. Para Porto, o que se quer evitar é outras pessoas apostem no resultado dos atletas. “Quando tem uma terceira pessoa apostando numa disputa entre duas pessoas, a chance de perda da ética é maior”, considera ele. “Mas quando é você que está apostando no próprio jogo, esse risco não existe. Você não tem como se vender para a própria aposta que fez.”

O pôquer tem diferentes tipos de disputa: jogos em que se aposta dinheiro vivo na mesa (cash games), torneios com inscrições pagas nos quais vence quem terminar com fichas, e até partidas valendo dinheiro pela internet. Em um parecer jurídico sobre o esporte, Miguel Reale Junior, ex-Ministro da Justiça e sócio de Luiz Guilherme Porto, afirma que não há diferença de análise, pois em todas o que prepondera é a habilidade. Isso explicaria a inexistência de campeões de dados, roleta ou bingo.

Aceitação

De acordo com Porto, a Lei de Contravenções data da década de 40 e pretendia punir práticas que pudessem levar as pessoas a cometer outros crimes. “Se imaginava que quem se dedica ao jogo de azar estaria perambulando pela cidade, no ócio, desocupado, e era isso que se queria evitar.” Para ele, se quem explora o bingo precisa provar que a realidade de hoje é outra, os empresários do pôquer não precisam disso, apesar de já terem sofrido com os efeitos da legislação ao serem enquadrados equivocadamente.

O caso mais recente teve um desfecho na semana passada, quando o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) liberou a propaganda da empresa Full Tilt na TV a cabo após tê-la barrado dois meses antes alegando que o jogo era proibido no Brasil.

Na decisão, o órgão levou em conta o parecer de Reale Junior e também a inclusão da modalidade na IMSA (International Mind Sports Association), a associação internacional dos esportes da mente, em maio de 2010. Reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional, já reúne xadrez, bridge, damas, entre outros, e promove competições próprias. O pôquer fará parte da próxima, paralelamente aos Jogos de Londres, em 2012.

Os torneios mundiais que já são transmitidos pela televisão começaram a formar uma massa crítica, acredita Porto. O apresentador da Band, Otávio Mesquita, também tem uma participação nessa história, com o seu “Poker das Estrelas”. Segundo ele, a ideia surgiu do marketing do site Poker Stars com a diretoria comercial da emissora. Uma nova temporada está agendada para 2011.

“Curto muito o pôquer, é divertido, tem estratégia, não é um jogo de azar. Sempre digo que você não consegue mudar a bolinha de uma roleta, mas consegue mudar as mãos em uma partida de acordo com a tática”, diz ele, que reúne amigos para partidas em sua casa a cada 15 dias. Os pilotos Rubens Barrichello, Felipe Massa, Tony Kanaan e Hélio Castroneves são alguns dos companheiros de jogatina.

O original pode ser lido em:  http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=392884

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