quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Seu Cérebro Trai Você no Poker


Como seu Cérebro trai você na Mesa de Poker


Por  Grigoriy 'ahlinpoker' Skrypnik


Alguma vez você sentiu que o próprio Universo não quer que você ganhe no poker?
Deixe-me compartilhar um segredo com você; o Universo e nossa própria natureza têm, de fato, feito todos os esforços para nos impedir de ganhar.

Quais são as qualidades que definem um jogador de poker ideal? Entre elas estão a objetividade e a racionalidade. Mas, infelizmente, a natureza humana não nos permite ser assim.

Percebemos a realidade e o mundo ao nosso redor através de uma espécie de prisma. Óculos de lente rosa colocados sobre nossos narizes pela evolução. Obrigado evolução!

No entanto, sem evolução não estaríamos onde estamos no Universo. E mesmo assim, para conseguirmos evoluir, tivemos que perder nossa habilidade de perceber a realidade como ela é. Nosso cérebro vê o mundo com algumas distorções. Na ciência, se chamam distorções cognitivas.

A razão é simples: para evoluir, temos de nos adaptar ao nosso ambiente. A precepção distorcida da realidade nos ajuda a alcançar certas decisões em situações onde a precisão não é tão importante.

O poker não é exceção. Tudo o que nos acontece em uma mesa de poker é percebido de forma diferente pelo nosso cérebro e nossa consciência. Por outras palavras, tem apenas uma coisa acontecendo mas nossos cérebros pensam que é uma coisa completamente diferente. Mas nós, enquanto jogadores de poker, não podemos deixar que nada afete nosso julgamento, caso contrário não seremos capazes de jogar nosso A-game.

Para tirar esses óculos da evolução devemos primeiro descobrir como eles funcionam. O que são distorções cognitivas? Neste e outros artigos, vou falar sobre as mais importantes distorções que afetam o nosso jogo de poker.


O medo da perda


Quando todas as outras condições são iguais, tentamos não perder algo, ao contrário de ganhar alguma coisa. Para as pessoas a dor da perda é muito mais forte do que a satisfação de lucrar. Foi medido que sentimos a nossa perda 2,5 vezes de forma mais dolorosa em comparação com a alegria de vencer.

Isto explica por que nos sentimos muito pior depois de perder $50 no final de uma sessão, do que nos sentimos felizes com $100 de lucro, quando deveríamos estar contentes por ganhar $50.

Aqui fica outro exemplo: Estamos no river, no pote estão 300 big blinds e nós temos 200bb. Pensamos que nosso oponente irá foldar em 50% dos casos. Parece que temos um óbvio all-in por bluff lucrativo, no entanto, a maioria de nós nesta situação optaria pelo check para poupar o dinheiro que ainda nos resta.

Existe também algo a que chamamos "o medo míope da perda". Pesquisadores descobriram que investidores que recebiam relatórios de curto prazo sobre seus investimentos tinham tendência a tomar decisões mais conservadoras e menos lucrativas, ao contrário dos investidores que estavam recebendo relatórios de longo prazo. Em relatórios de curto prazo, os investidores grande parte das vezes sentem que as perdas menores atingiram mais profundamente a sua consciência do que o lucro compensador. Apesar disso, o resultado final poderia ser o mesmo para ambos os tipos de investidores. Os investidores de relatórios de curto prazo olhavam para os seus investimentos de forma muito mais pessimista, então optaram por soluções menos lucrativas mas mais confiáveis.

Parece que estamos falando de poker, certo? Conte o número de vezes que você conferiu seus resultados no Hold’em Manager durante a sua última sessão? Entende agora por que todos os especialistas de poker aconselham você a não espreitar os resultados enquanto está jogando?


O Efeito Âncora


Outra importante distorção é "o feito âncora". É apoiado por muitos pesquisadores.

Por exemplo, durante uma dessas experiências, se pediu a estudantes que recordassem os últimos três digítos de seus números de celular. Depois, esses mesmos estudantes foram questionados sobre quando os visigodos saquearam Roma (a resposta correta é 410 d.C.). As respostas dos estudantes cujos dígitos eram mais altos tenderam para uma data posterior, em comparação com os estudantes com dígitos menores. Por outras palavras, os 3 últimos digítos de seus números de celular serviram como uma "âncora" que "arrastou" as suas estimativas de um lado para o outro.

Isso é facilmente explicado pela rede neurológica que existe no nosso cérebro. Quando alguns neurônios são ativados, os adjacentes também se tornam propensos à ativação. Os neurônios responsáveis pelos números grandes estão mais próximos uns dos outros do que os neurônios dos números pequenos. Assim, tanto a ordem e o tipo de ativação afetam direta e significativamente a maneira como pensamos.



Isso pode afetar o poker de várias formas. Por exemplo: você deu call em um bluff com А-high e ganhou o pote. Algumas mãos depois, você é confrontado com uma situação idêntica mas contra outro oponente. Podemos concordar que a probabilidade de outro bluff catch com A-high aumentou, mas agora o problema é que você vai se convencer mais facilmente que seu oponente está blefando. O bluff que você expôs com sucesso anteriormente é a sua âncora.

Por falar nisso, é por este motivo que você deve ficar feliz quando um jogador fraco, que muitas vezes comete erros, joga mal e ganha a mão. Ele vai ficar tão impressionado com esse feito que continuará a cometer muitas vezes os mesmo erros.

A distorção também pode ser detetada em análises de sessão. Quando você analisa uma sessão perdedora pouco depois dela terminar, é mais provável que você encontra mais razões para provar e suportar algumas das suas decisões. O problema é que nesse momento a sua consciência continua amarrada à sua percepção durante o jogo, e se torna mais difícil para você ser objetivo. No entanto, se você analisar essa mesma sessão no dia seguinte, você verá como suas sugestões foram irrealistas, assim como as conclusões a que você chegou.



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