domingo, 17 de março de 2013

Analisando nossas próprias Frustações - Capítulo 1




Analisando nossas próprias Frustações
Escalada de dois jogadores em busca do santo graal do poker! O SUCESSO.

Olá amigos do Pokermania. Vamos inaugurar essa sessão que trará analises dos erros do LukeKM e dos erros do MarcioCP durante suas sessões de poker online. Além dos erros, serão postadas também as BadBeats mais fantásticas para deleite e divertimento de vocês – e olha que de bad beats eu e o LukeKM entendemos; de tomar bads, é claro! – e, em breve, se alguém quiser postar suas bads e te-las “gentilmente” analisadas por mim ou pelo LukeKM, estaremos recebendo os links do boom (sim, pediremos que exclusivamente sejam exibidas pelo boom) por e-mail ( pokermaniabr@gmail.com ). Mas, isso ainda será depois.

Hoje, tomaremos a liberdade de analisar uma mão jogada pelo honorável dono deste blog. Por isso, eu, MarcioCP a estou analisando e não nosso amigo LukeKM.
( Veja o Boom desta mão no final deste post ) 
Já de início, aviso que serei implacável com meu amigo, como seria com qualquer jogador que me enviasse uma mão ruim para analisar seu erro.
Sim, isso mesmo. Iremos analisar uma mão hediondamente errada neste post.

De inicio, nosso herói esta jogando um SnG de 90 lugares com Buy in de US$1,50 com bountys de Knockout (ou seja, premiação de bônus para quem desclassifica outro jogador do torneio).

Nosso herói parece não estar num bom momento neste torneio, especificamente, e no nível de blinds 25/50, ainda sem ante, e com pouco mais de 20 big blinds na stack, ele decide tentar aumentar suas fichas com um AQo no UTG.

ANALISAREMOS A AÇÃO PRÉ-FLOP
Analisando a mesa, percebemos que nosso herói tem a sua frente, um jogador com mais de 7k fichas em MP, outro em MP2 com 8k fichas e, o final da mesa no botão, mais um jogador com 8k fichas.

Nosso herói, com 1070 fichas (o torneio inicia com 1500 fichas para cada jogador), ou seja 20 BigBlinds, decide, aplicar, da UTG um raise padrão de 4 BigBlinds. Tendo os citados jogadores com suas respectivas stacks, como citei, a sua frente.
Analisando friamente, é muito difícil os três jogadores a frente, com stacks tão grandes e com nosso herói com stack tão pequena, não entrarem na mão com um simples raise de 4BBs. Portanto, de cara, precisamos analisar se devemos ou não entrar nessa mão.

Primeiro ponto contra: posição. Claro, como todos aprendemos no beabá, UTG é o lugar onde nem deveríamos estar, quanto mais jogar.
Segundo ponto contra: três jogadores a frente com mais do que possibilidade real de dar call na situação em questão (raise baixo de um jogador shortstack), ou seja, a probabilidade de ter na mão 3 jogadores com stacks tão grandes que após o turn não teriam motivo para largar a mão, principalmente se nenhum dos outros 2 deeps tomasse a ação de agressor.
Terceiro ponto contra: AQo. Acho que um jogador deve focar um range e segui-lo. Se você opta por jogar em posições desvantajosas, pelo menos tem que ter um range forte para fazer isso. AQs no UTG não é uma mão ruim, mas temerária. AQo, no UTG, no mínimo inspira alerta vermelho.

Neste momento, deve-se pensar: “Eu quero ir para um pote com os três jogadores com AQ offsuited?”. A resposta correta é NÃO.
Se eu entrar de limp nessa mão, estarei a mercê dos jogadores que entrarem de limp nela e, como sou o primeiro a falar, há a grande possibilidade de um ou mais jogadores darem raise ou reraises que tornarão uma difícil decisão prosseguir com esse AQo, e então, um fold significaria perder gratuitamente mais fichas, o que num SnG desses, é inaceitável. Portanto, LIMP NÃO É UMA JOGADA dentro de nossas opções.
Resta-nos FOLD ou RAISE. Nesse ponto, eu acredito que o correto seria foldar, porém, essa é a analise de uma mão errada, portanto, nosso herói não escolheu foldar. Ele escolheu o raise Pre-flop. Optou por apostar 4BBs, raise padrão que todo mundo aprende ao começar a jogar poker. Qual o impacto de um raise desses nos três jogadores deepstacks a frente de nosso herói?
Bem, um raise tão baixo, seria extrema sorte se apenas um deles pagasse. Lembrando que, sempre é uma vantagem você reduzir o número de oponentes numa mão, e que isso, só se faz agressivamente.
Nosso herói teve sorte, os dois deeps no meio da mesa desistiram perante um raise tão baixo. Porém, nosso deep no botão, tem a obrigação, pela posição e pelo raise baixo e por quem deu o raise ser um shortstack, de dar pelo menos call no raise. Isso, se ele não resolver tomar a ação para si e 3betar, levando o shortstack a allin logo pre-flop.
Nosso vilão no botão não fez isso, preferiu dar call e ver o flop.
Percebam como até aqui, nosso herói levou sorte. Só um dos jogadores mais perigosos da mesa entrou na mão com ele, apesar dele ter uma stack muito pequena para abalar qualquer um deles, e o deep que entrou, mesmo em posição, demonstrou fraqueza, dando apenas call.
Eis que a sorte mais uma vez sorri para o nosso herói, o flop traz seu top pair.
Sim, vem um A no flop. Mas, observe que junto, vem dois valetes e, além disso, duas cartas de copas.
“Como devo proceder agora, com esses dois grandes problemas? Um par de valetes no flop e um draw de flush. Será que o vilão acertou qualquer um deles?”

ANALISAREMOS A AÇÃO PÓS-FLOP
Neste ponto, uma coisa é certa, independente de como chegamos a ele, se você foi o agressor pré-flop, você não pode abandonar isso. Abandonar a posição de agressor seria mostrar fraqueza, se você tem o nut, isso pode ser vantajoso para criar uma armadilha e tentar tomar o máximo possível de fichas do vilão. Se você não tem o nut, ou nem o segundo nut, por exemplo, tentar criar uma armadilha é pedir para levar um tiro no pé.

Nosso herói comete mais um erro no flop, ele, como é o primeiro a falar, da CHECK e convida o vilão a continuar.
Tudo bem, você pode pensar: “Tenho AQ, acertei A num flop AJJ, vou fingir e deixar o cara vir me dar fichas”.
Nesse ponto, nosso herói entrega a decisão da mão a sorte e não a habilidade.
No meu modo de ver, o correto seria manter a agressividade, mostrar ao vilão que o flop tinha sido bom para mim. Então, a decisão nesse ponto torna-se simples: CBET ou ALLIN. Essa linha de ação é forçada exatamente pelo perigo de o vilão ter um J ou ter um flushdraw. NÃO É VANTAJOSO LEVAR A MÃO A SHOWDOWN por causa dessas duas ocorrências no flop. Então, o correto é fazer de tudo para evitar ir a showdown, pois, mais importante do que você dobrar as suas fichas no torneio, é você não perde-las todas numa mão que você poderia ter evitado perder.
Nesse momento, com o check do nosso herói e o check do deep no botão, recebemos um 4 de copas.

ANALISAREMOS A AÇÃO NO TURN
Bem, o flop não poderia ser pior para nosso herói. Agora, são três cartas de copas na mesa e dois valetes, contra um jogador que tem stack para pagar por um draw ou, até por um par baixo, já que para nosso vilão, o nosso herói demonstrou não ter nada no flop pelo check que deu.
Nosso herói nesse ponto, não tem mais a opção de ir a allin, é perigo demais. Porem, ele volta a sua agressividade, infelizmente quando já não adianta mais.
Novamente, nosso herói da uma bet de 4bbs. Sobrando para si apenas 670 fichas, tornando-se totalmente comprometido com o pote, ou seja, descartando a possibilidade de fugir a um allin.
Aqui cabe a ressalva, se realmente a jogada fosse feita como uma armadilha, teria dado certo, pois nosso vilão, acertou o 4 no turn e ainda por cima fez flushdraw com um K de copas, o que, por ele achar que nosso herói não tinha A ou J devido ao check no turn, tornou para ele a única jogada possível 3betar a aposta de nossos herói.

Porém, como eu disse, nosso herói e nem mesmo nós, sabemos o que o vilão tem antes dele mostrar sus cartas. Ele tranquilamente poderia ter um J ou ter um pocket naipado de copas e ter feito flush. Sorte do nosso herói que não foi o caso.

Mas, como nosso herói deixou a sorte decidir o destino desse jogo, infelizmente temos que ser sempre lembrados que, a sorte só vai até um ponto. Quando abusamos dela, ela certamente se vinga de nós. E foi o que ela fez.
Ao ser 3betado no turn pelo vilão, nosso herói não tem outra alternativa a não ser o call, que significa pelo que restou de sua stack, ir a allin.

Eis que nosso vilão abre um K4o. Jogou com um par baixo no turn com queda para flush de copas no river. E nosso herói, mostra um aflito AQo, top pair no flop com kicker alto.

Então, a sorte, madrasta sempre, coloca um 4 de ouros no river. Selando, assim, o destino de nosso herói.

Como eu disse, no flop, nosso herói tinha duas escolhas, se manter agressivo e deixar a habilidade ter grandes chances de decidir a mão, ou tomar uma linha de ação que o levasse sem duvida a showdown e deixar que a sorte decidisse a mão. E ela decidiu.

CONSIDERAÇÕES
Bom, isso tudo não significa que se nosso herói tivesse tomado a decisão certa no flop, o vilão não tivesse ido a allin ali mesmo e a sorte teria decidido a seu favor. Mas, havia a possibilidade real dele foldar para uma jogada agressiva já que ele não tinha acertado nada no flop.

Devo também salientar que, essa analise foi feita assistindo friamente depois. No calor do jogo, era bem provável que eu fizesse jogada semelhante e mais até, com certeza já fiz.
A lição aqui é que, poker realmente é agressividade, pois é a única maneira de você levar a decisão da mão à habilidade como jogador e não na pura sorte. É um erro abdicar da agressividade na mão, um erro que compromete totalmente e na maioria das vezes, de forma irrecuperável a mão.

Como eu disse, essa foi uma analise fria da mão jogada. Nosso herói pode ter tido outros motivos para jogar dessa forma. Devemos lembrar que, também, que ele tinha stats do vilão e, talvez, dos três deeps na mesa, talvez o jogador do botão fosse o mais fraco dos três, por isso, mais convidativo a enfrentar (arriscar nossa stack para dobrar). Isso, não sei, apenas o Luke pode dizer. Meu trabalho aqui está feito, era analisar a mão segundo meus conhecimentos de poker.

Gente, se quiserem discordar ou sugerir outras linhas de ação, a parte de comentários está para isso nos posts. Participem! É a melhor forma de aprendermos, uns com os outros.

Obrigado a todos pela paciência de ler meu texto e obrigado ao Luke por servir de cobaia. hehehe. Proximo post, LukeKM analisará uma mão ruim jogada por mim, e de quebra, colocará para vocês uma bad que levei... Riam bastante dela. Pois ela merece.

Vlw pessoal.
Abraços.
MarcioCP




Um comentário:

  1. Valeu Marcio pela analise da mão...
    Na verdade não achei que joguei errado, acho que levei uma rasteira do baralho...

    Com AQ no UTG eu mandei 4bbs... o deep da mesa que estava no botão paga...
    o flop abre AJJ, e eu resolvo retirar fichas do cara, entenda que o jogador é daqueles que manda raise direto, tanto que no nivel 3 ele estava com mais de 8000 fichas, portanto acreditei que ele mandaria um raise e que eu poderia ir all-in logo aí no flop... mas ele não fez, porque ele não tinha nada mesmo... mas no turn vem um 4...
    Foi a terceira carta de copas na mesa, eu imaginei que ele não tinha uma carta de copas, se ele tivesse já teria dado raise no flop, então não fui allin, tentando extrair fichas dele...
    mas o lazarento rezolve me 3betar e com isso tive que ficar allin... mas tive a leitura certa, que ele ou não tinha nada e estava tentando levar o pote ou tinha um par baixo... ele tinha K4... mas aí a stars entra em cena... mandando outro 4 no river.
    Estava bem na frente desde o pré-flop, só perdi por causa do 4 no turn e river, verdadeira baralhada.
    :-(

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