quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pós-Flop em PL Omaha


Como Jogar o Pós-Flop em PL Omaha
Finalista da WSOP em PLO, Mojave dá valiosos conselhos da modalidade



Por Felipe Mojave

E aí galera da Flop, tudo beleza? Nesta edição vou trazer para vocês alguma dicas de jogo pós-flop no Pot Limit Omaha. Há duas edições escrevi uma coluna sobre PLO com foco nas starting hands e algumas dicas.
A galera comentou muito comigo que curtiu bastante, inclusive no intuito de pedir mais dicas sobre esse jogo tão fascinante e técnico que é o Omaha.
Atendendo, então, ao pedido de vocês, vou apontar aqui alguns fatores e dicas no jogo pósflop nessa  modalidade de poker que cresce muito no Brasil e no mundo.

Obviamente, a estratégia pós-flop depende muito do padrão de jogo apresentado pré-flop.
Sempre comento que, para a situação ficar mais cômoda no pós-flop, é importante que o controle do pote seja mantido, que você esteja jogando uma boa starting hand e o principal de tudo: jogar a grande maioria das mãos em posição.
Tudo isso é muito importante, pois os erros em PLO custam muito caro, principalmente quando você está  começando, pois é muito fácil ficar perdido num jogo de tantos draws, seja ele simples, re-draw, nut draw ou combo draw (e outros!).

Primeiro fato no pós-flop é analisar a sua textura. Isso significa identificar a ação de cada jogador pré-flop,  ligando este possível range com as cartas que vieram no flop. Isso não vai só te ajudar a definir se seu  adversário acertou o flop ou não, mas vai te ajudar muito a saber a equidade da sua mão, assim como sua
equidade de float.
Neste caso específico, me refiro, por exemplo: seu adversário aumentou 3x pré-flop em middle possition e você deu o call do botão.
O flop veio QT5 e você tem um mão muito honesta pré-flop que é JT98, mas não tão forte assim pós-flop. É bem capaz que você se encontre aqui numa situação quase que drawing dead ou mesmo drawing para um empate, ou seja, se você decidir continuar nesta mão, tudo pode custar muito caro para você, já que você possivelmente está perdendo no flop e o mais importante: seu draw não é para o nuts. É muito comum ver jogadores continuarem nessa mão, acertarem a sequência e se sentirem na obrigação de pagar (já que  acertou a sequência) e ver o seu oponente abrir uma sequência maior.
Não cometa esse erro tolo que vemos a todo o momento, seja em low ou high stakes. Então, se for entrar num draw, que seja para o nuts e/ou de muitos outs. Muito importante essa dica. Muitos fatores têm de ser analisados: número de oponentes, tendência de cada um (se sempre apostam no flop ou têm postura mais passiva), quem tomou a ação pré-flop e de qual posição, etc, etc). Você está prestando atenção em tudo isso antes de tomar a sua ação? Pois é, os fatores são um pouco mais complexos no Omaha e, pra atingir
um grau de raciocínio rápido, leva muito tempo e prática. Portanto, não se aventure em mesas fora do seu limite sem a experiência e o bankroll necessários.

Falando em bankroll, minha dica é que você use para o PLO pelo menos 2,5x do que você usa e se sente confortável para o Hold’em.
O grande segredo do PLO é saber definir rápido se o flop ajudou ou não seus adversários.
Esse é o maior segredo que eu sou capaz de desvendar para vocês. Grandes mestres nessa teoria são Tom “durrrr” Dwan, Patrick Antonius e J.C. Tran.

Imagine que você tenha AAxx naipados em um Ás de espadas e vamos comparar algumas texturas de flops, a seguir:
1. Flop 9♥T♥J♠
Vamos partir do fato que nenhum dos seus oponentes acertou uma sequência aqui. Mesmo assim, se já não estiver perdendo, existem muitas combinações de draws que levam vantagem, ou seja, têm equidade maior que a sua mão no flop, seja para straight, para flush ou mesmo para ambos. Se você estiver jogando contra mais de um oponente, pode esquecer totalmente dessa mão. Quase todas as cartas do baralho vão  completar um draw, perceba isso.

2. Flop 2♠7♥Q♦
Este é o famoso flop que chamamos de raggy, ou seja, não há nenhum draw, nem straight, nem flush draws que possam ser fechados no turn. Fora isso, a chance de algum oponente seu ter acertado dois pares
nesta situação é muito pequena e, dependendo de como a ação foi pré-flop, fica muito fácil colocar ou não o vilão numa trinca média ou baixa.
Seu “quase único” temor aqui seria uma trinca de damas. Você obrigatoriamente tem que apostar ou  aumentar se seu oponente tomar a ação neste flop, pois se você encontrar algum tipo de resistência, aí então você vai analisar a possibilidade de ter encontrado uma mão maior que a sua.
O que será que seu adversário pode ter? Não pode fugir de trinca de 22xx, 77xx, QQxx, Q7xx ou um  completo blefe.
Não ficou muito mais fácil definir a ação? Acho que clareou bastante a mente, não é? Portanto, mexa-se,  extraia o máximo de informação possível antes de tomar a sua decisão.

É por isso que, na ponta inversa, você precisa ter muito cuidado quando for blefar nesses dry boards, pois é bem capaz de você tomar call de AAxx, KKxx ou AQxx e ficar chamando seu adversário de donkey depois! (sem razão, lol).
Alguns flops vão trazer para você a informação por si próprios. Se houve raise forte e re-raise pré-flop,  grandiosas são as chances de seus oponentes terem pares altos ou cartas altas/figuras para sequência, o que chamamos de broadway cards. Nesse caso, um flop baixo aumentaria as chances de você ganhar a mão, mesmo que você tenha errado completamente o flop.
Imagine que seu oponente tenha AAKQ e o flop seja 489. Só existe uma razão para ele continuar na mão: Se ele tiver flush draw em Ás. Se for um bom jogador, dependendo do valor percentual do stack dele  investido no flop, ainda assim há grandes chances de seu blefe ser bem-sucedido.
Cuidado: Não blefe jogadores ruins tão frequentemente! Você vai tomar calls muito estranhos e isso vai  afetar muito os seus nervos (com toda razão), principalmente nos limites baixos. Flops como 864 com quatro jogadores e você tomando call de dois pares. Jogadores ruins correm atrás de draws ruins. Saiba identificá-los para extrair valor das suas mãos e não seja um deles! (risos).

Voltando à jogada anterior, isso é o que chamamos de float equity, ou seja, analisar as chances de seu  adversário ter ou não acertado determinado flop e, mesmo você tendo errado completamente o bordo,  seguir em frente e ganhar a mão com uma aposta (em posição, todas as teorias são mais fáceis de se tornarem praticáveis – lembrem-se disso). Claro que o conceito de equidade de float é muito complexo e esse é apenas um exemplo básico de um assunto muito avançado.
Já os flops que vêm com pares, por exemplo, TT8, você só deve continuar se tiver um full house ou se tiver a trinca com kickers altos, ou seja, num eventual full house que você possa acertar, que seja maior que o 8 do bordo, por exemplo, TQKA.
Quanto mais kickers altos você tiver, melhor. Não é fácil de perceber que o valor de TQKA é muito maior que T9QJ?
Não deixe que seus oponentes exerçam esse tipo de vantagem pra cima de você em situações em que pode facilmente se deixar levar e perder o controle pelo fato de ter acertado o flop, mas não tão bem quanto o seu adversário.
Óbvio que T877 seria uma mão muito melhor que qualquer outra apresentada por já ter o full house pronto,  mas ainda assim, existem mãos melhores que essa, como T8QJ ou T8KK que podem acertar full houses maiores, o que daria a você a chance apenas de empatar a mão, e não de ganhá-la. Tome muito cuidado com full houses que foram flopados por baixo, como 8876, pois existem chances de você tê-lo acertado e não ter mais chances de ganhar a mão, ou ter muitos correndo pra fechar uma mão maior que a sua. Diferente das trincas no Hold’em, isso não pode ser considerado um cooler no Omaha, e definitivamente não é.
Galera, Pot Limit Omaha é um assunto muito complexo que aborda uma quantidade infinita de  possibilidades.
Espero que, com os exemplos apresentados, eu tenha ajudado de alguma forma a melhorar o jogo de vocês.

Quem quiser entrar em contato comigo para tirar dúvidas que tenham ficado nesta coluna, me coloco à disposição através do twitter (@FelipeMojave).
Um grande abraço para todos e continuem treinando muito PLO, sem desanimar. Leva tempo e experiência
até clarificar as ideias nesse jogo, vai por mim.

Felipe Mojave


Artigo publicado originalmente na Revista Flop

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