sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Será que alguns países são melhores do que outros no Poker?



Será que alguns países são melhores
do que outros no Poker? 



Já não pensava sobre os estereótipos de nacionalidade no poker há uns anos, até que os meus colegas da Escola de Poker partilharam alguns dados interessantes. 

Publicamos uma série de notícas sobre a análise de uma mão onde convidámos os nossos membros a votarem nas melhores decisões em cada uma das rodadas de apostas. 

Esta série foi publicada em quase todas as línguas do nosso site e, na verdade, descobrimos que havia algumas diferenças notáveis entre a forma como jogadores de diferentes regiões decidiam jogar a mão. Alguns países foram claramente mais agressivos ou passivos do que os outros. 

Sabemos que não devemos avaliar a habilidade de uma pessoa com base na sua nacionalidade, no entanto, quantos de nós podemos dizer que nunca fizemos isso nas mesas de poker? Quantos de nós podemos dizer com toda a honestidade que nunca passamos o rato (mouse) sobre o avatar de um jogador, verificamos que ele é da Alemanha, Rússia ou Suécia e que essa informação acabou por influenciar um pouco a nossa decisão? 


Será que os jogadores russos são todos 'robôs'?

Acho que os estereótipos de poker que transferimos para os jogadores devido à sua nacionalidade estão relacionados com a forma como o resto do mundo os vê. Durante muito tempo, eu, por exemplo, achava que a maioria dos jogadores alemães eram tight e muito fortes na matemática, porque temos um forte estereótipo em relação à eficiência alemã. 

Hoje em dia simplesmente assumo que um jogador alemão é muito muito bom, porque eles parecem ganhar tudo (Poker, Copa do Mundo, Economia, etc).

Os jogadores russos muitas vezes acabam por ser rotulados como robóticos. Isto pode ser levado a dois extremos, robóticos no sentido de que eles fazem multi-tabling massivo e jogam um poker ABC, ou robóticos pelo facto de algumas pessoas suspeitarem que na verdade estão a jogar contra um bot. Acho que, no final das contas, isto acaba por ser um elogio disfarçado como o estereótipo alemão. Os russos devem estar a jogar um estilo sólido, daí serem comparados a robôs. 

No nosso estudo, os jogadores alemães e russos, no geral, foram os que mais se aproximaram da média, talvez com uma pequena tendência para o lado tight-aggressive.


Será que os franceses são todos loose-passivos?

Depois temos o que é provavelmente o maior estereótipo do poker, que os franceses, italianos, espanhóis e gregos são todos jogadores losse-passivos. Acho que isto vai de encontro a um estereótipo cultural ainda maior, o facto deles serem mais apaixonados e impulsivos; duas qualidades que não são necessariamente adequadas à mesa de poker. 

No entanto, através do nosso estudo, este estereótipo foi apenas parcialmente confirmado. Os jogadores franceses foldaram menos, mas eram muito mais propensos a raisar do que apenas dar call. No geral, eles foram (juntamente com os polacos) os jogadores mais agressivos. No entanto, os jogadores espanhóis ficaram entre os mais passivos; menor probabilidade de fazerem continuation bet ou re-raise no turn.  

Eu sou britânico e sei muito bem qual é o estereótipo associado a nós; uns nits que se queixam muito das bad beats. É com tristeza que digo que, de facto, segundo o nosso estudo, os jogadores britânicos têm a segunda menor percentagem de continuation bet entre todas as nossas comunidades. 


Será que os alemães ganham mais do que todos os outros?

No fundo, não acho que seja uma forma de preconceito chegar a estas conclusões. Em última análise, acho que a principal razão pela qual fazemos estas suposições está mais relacionada com o estado do mercado do poker do que com os hábitos do país. O poker em Espanha, por exemplo, não é muito grande quando comparado com o poker na Alemanha, por isso, é lógico que os jogadores mais fortes não venham de Espanha. 

A partir de 2006, se visses um jogador dos Estados Unidos na tua mesa, muito provavelmente assumirias que ele era um bom jogador. Isso não acontecia por eles serem naturalmente mais talentosos, mas sim porque a UIGEA basicamente forçou os jogadores recreativos a abandonarem o jogo online nos EUA. Apenas os melhores jogadores americanos, aqueles que viviam do jogo, estavam preparados para arriscar e continuar a jogar nos grandes sites.

Acho que hoje em dia não devemos tirar muitas conclusões apenas com base na nacionalidade dum jogador, principalmente porque toda a informação que está disponível na internet nivelou o field de jogadores e já toda a gente tem acesso às ferramentas necessárias para evoluir no poker. 

Podemos eventualmente conseguir pequenos pedaços de informação através da nacionalidade dum jogador, mas são poucos e distantes entre si, e cada vez menos a cada dia que passa. Acho que hoje em dia estes estereótipos servem apenas para brincarmos uns com os outros da mesma forma que fazemos, por exemplo, numa Copa do Mundo. 


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