Investindo em Satélites Multi-Tables
Aprenda a aproveitar melhor esse tipo de torneio
sem arriscar o bankroll
Por Felipe Mojave para a Revista Flop
Nesta coluna, vou escrever um pouco sobre o que eu acho dos torneios satélites.
Eu vejo muitos jogadores simplesmente fingindo que os torneios satélites não existem, e isso é um grande erro. Posso enumerar dezenas de motivos pelos quais um jogador de multi-table deve jogar torneios satélites (e farei isso), mas não preciso ir tão longe para mostrar o quão importantes são os satélites.
Você pode jogar torneios satélites por três motivos, na minha opinião:
Você pode jogar torneios satélites por três motivos, na minha opinião:
A - Para participar de eventos que normalmente o seu bankroll não suportaria e o valor do satélite está dentro dos seus limites, podendo, assim, tentar alavancar o seu BR, com pouco risco;
B - Para aliviar o impacto do investimento dentro do seu bankroll;
C - Para extrair valor dos satélites como “retorno final”, ou seja, jogá-los para fazer grana como objetivo.
Na opção A, um exemplo simples seria você ter um bankroll de R$ 7.500 e somente participar de eventos com valor de inscrição de até R$150.
Nesse caso, você pode optar em investir esses mesmos R$150 num satélite para a BSOP, que é um torneio que tem buy-in de R$1.200, e você não participaria desse evento tão cedo, a não ser que alcance um BR de R$60.000, o que hoje seria oito vezes o que você tem, ou seja, uma realidade bem distante – sem contar as despesas que pesam muito nas viagens.
A grande vantagem aqui é que você está concorrendo a uma vaga para esse evento com recursos que você pode bancar e, no caso de ganhar uma vaga, você irá concorrer a um prêmio principal de R$ 150.000, que pode fazer grande impacto na sua carreira no poker, e tudo isso sem se arriscar além do necessário.
Nesse caso, você pode optar em investir esses mesmos R$150 num satélite para a BSOP, que é um torneio que tem buy-in de R$1.200, e você não participaria desse evento tão cedo, a não ser que alcance um BR de R$60.000, o que hoje seria oito vezes o que você tem, ou seja, uma realidade bem distante – sem contar as despesas que pesam muito nas viagens.
A grande vantagem aqui é que você está concorrendo a uma vaga para esse evento com recursos que você pode bancar e, no caso de ganhar uma vaga, você irá concorrer a um prêmio principal de R$ 150.000, que pode fazer grande impacto na sua carreira no poker, e tudo isso sem se arriscar além do necessário.
Já na opção B, eu presumo que você seja um jogador regular de torneios. Nesse caso, você planejou investir, num determinado mês, R$10.000 para jogar torneios. Ao invés de jogar dez torneios de R$1.000, você opta por participar de 40 satélites de R$ 250, que dão vagas para torneios de buy-in de R$1.000, que você está acostumado a jogar.
Se você tiver um índice de aproveitamento nos satélites igual a 25%, ou seja, se a cada quatro satélites você ganhar uma vaga, isso indica que você terá o retorno dos seus investimentos. Melhorando esse índice, você passaria a ter lucro e assim, com os buy-ins dos torneios, diluindo riscos e aliviando o impacto dentro do seu bankroll.
Caso você ganhe 15 satélites entre os 40 jogados, o seu retorno seria de 150% do investimento inicial, o que significa que você aliviaria em 50% o impacto dentro do seu bankroll, nos torneios que você joga. Qualquer número melhor que um – em quatro – já seria excelente, e quanto maior, melhor.
No item C, basta levar o item B muito mais a sério e intensificar os trabalhos, focando 100% nos satélites. Se você tem um índice muito bom de ganhar vagas em satélites, por que não se profissionalizar nisso e fazer o seu lucro final ali?
A maioria das vagas em satélites são substituíveis por dinheiro – em alguns casos, ganhas e a partir da segunda vaga –, e explorar esse nicho é realmente um excelente negócio para quem se especializa e entende bem do jogo.
Vou dar algumas dicas e fazer alguns comentários sobre os satélites multi-table.
Os satélites podem ser muito lucrativos. Realmente não são todos jogadores que entendem das estratégias necessárias para esse tipo de batalha.
Os satélites podem ser muito lucrativos. Realmente não são todos jogadores que entendem das estratégias necessárias para esse tipo de batalha.
Isso é um fato provado pelo índice de jogadores que jogam o satélite por jogar, ou seja, estão a fim de arrumar uma vaga num torneio e se registram no satélite sem ter nenhum conhecimento de onde estão se metendo.
Muitos jogadores só pensam no curto prazo quando falamos em satélites.
Exemplo: vai ter aquele torneio no fim de semana e você joga apenas um satélite três dias antes do evento. Essa não é a maneira mais lucrativa de encarar os satélites. Se você pode ganhar bem, por que não jogar desde cedo?
Exemplo: vai ter aquele torneio no fim de semana e você joga apenas um satélite três dias antes do evento. Essa não é a maneira mais lucrativa de encarar os satélites. Se você pode ganhar bem, por que não jogar desde cedo?
Outra coisa que não faz muito sentido é desistir dos satélites depois de ter jogado alguns e não ter conseguido a vaga. Mesmo investindo mais do que um buy-in original para o torneio em questão, se você acha que você tem um edge, então não deve ser influenciado pelos resultados atuais.
Isso normalmente acontece pelo fator de “imediatismo”.
Se você não pega a primeira vaga e já desiste, não é assim que funciona.
Como nos satélites o importante é chegar ITM, e a estratégia para isso é baseada na sobrevivência. O chip leader e o short-stack irão ganhar o mesmo prêmio no fim do torneio, lembra?
Então, esqueça aqueles movimentos arriscados que você faz nos torneios comuns, pois você não pode se dar ao luxo de inventar moda e cair do torneio numa mão besta, pois o que vale é chegar entre os premiados e esse tipo de movimento torna tudo isso menos lucrativo.
Se você não pega a primeira vaga e já desiste, não é assim que funciona.
Como nos satélites o importante é chegar ITM, e a estratégia para isso é baseada na sobrevivência. O chip leader e o short-stack irão ganhar o mesmo prêmio no fim do torneio, lembra?
Então, esqueça aqueles movimentos arriscados que você faz nos torneios comuns, pois você não pode se dar ao luxo de inventar moda e cair do torneio numa mão besta, pois o que vale é chegar entre os premiados e esse tipo de movimento torna tudo isso menos lucrativo.
Fora isso, irá ser necessário mudar de análise em diversas situações, como numa situação comum e bem conhecida como esta: ainda há 15 jogadores no torneio e o total é de 11 vagas. Você possui um stack médio. UTG sai de all in e um big stack no meio da mesa dá o call. Você se encontra com AKs no big blind. Qual é a decisão correta?
Fold. Não existe a menor necessidade de você se envolver nessa mão, já que com AK a equidade da sua mão é de 50% contra qualquer range, mas vale lembrar que ali você não está jogando contra um range qualquer. Pode ser que o jogador que saiu all in não tenha nada, mas o big stack que deu call com certeza tem uma mão forte.
As suas chances podem estar reduzidas a 30% ou menos, por isso o fold é a decisão certa. Com isso, teremos um jogador a menos e você fica na média em fichas, faltando três jogadores para a vaga.
Outro exemplo para deixar as coisas bem claras: você tem AA no UTG e abre raise na bolha do satélite, com um stack de pequeno para médio. Um jogador no meio da mesa dá all in e o big blind vem all in por cima, com um stack maior do que o de vocês dois.
Fold. Não existe a menor necessidade de você se envolver nessa mão, já que com AK a equidade da sua mão é de 50% contra qualquer range, mas vale lembrar que ali você não está jogando contra um range qualquer. Pode ser que o jogador que saiu all in não tenha nada, mas o big stack que deu call com certeza tem uma mão forte.
As suas chances podem estar reduzidas a 30% ou menos, por isso o fold é a decisão certa. Com isso, teremos um jogador a menos e você fica na média em fichas, faltando três jogadores para a vaga.
Outro exemplo para deixar as coisas bem claras: você tem AA no UTG e abre raise na bolha do satélite, com um stack de pequeno para médio. Um jogador no meio da mesa dá all in e o big blind vem all in por cima, com um stack maior do que o de vocês dois.
Qual é a decisão certa? Fold. Você não quer correr o risco, ainda mais o risco, de pelo menos 20%, de
ficar sem a vaga que vai cair no seu colo ou deixar o outro jogador com o stack muito pequeno.
No caso de você ter um stack maior que o jogador que veio all in por cima e for suficientemente grande para você ainda ficar na média em fichas, se você perder a mão, aí a situação seria de call, já que você também quer contribuir para que o torneio acabe por ali e já garanta a sua vaga.
No caso de você ter um stack maior que o jogador que veio all in por cima e for suficientemente grande para você ainda ficar na média em fichas, se você perder a mão, aí a situação seria de call, já que você também quer contribuir para que o torneio acabe por ali e já garanta a sua vaga.
Vou passar algumas dicas também sobre o início, o meio e o fim do jogo.
Início: há muitos jogadores presos, querendo preservar ao extremo o seu stack aqui, e eu vejo grande vantagem em jogar um pouquinho mais solto, sem comprometer grande parte do stack, é claro.
Início: há muitos jogadores presos, querendo preservar ao extremo o seu stack aqui, e eu vejo grande vantagem em jogar um pouquinho mais solto, sem comprometer grande parte do stack, é claro.
Meio: procure aproveitar as oportunidades para pressionar os stacks medianos. Tomar riscos aqui é muito importante para manter o seu stack, mas tudo com uma dose de inteligência muito grande e sempre prestando atenção na sua posição frente aos competidores.
Tentar se manter short-stack aqui não é interessante. Basicamente, eu jogo o meu jogo regular, com alguns ajustes.
Tentar se manter short-stack aqui não é interessante. Basicamente, eu jogo o meu jogo regular, com alguns ajustes.
Fim: é a parte mais crítica do satélite.
Fique muito atento. Aqui, a atenção vale mais que tudo. Lembre-se de que você está bem perto do seu objetivo, portanto seja inteligente ao ponto de gerenciar suas fichas frente ao stack dos seus adversários e de não correr riscos desnecessários.
É isso, galera. Espero que o leitor tenha gostado desta coluna e, caso tenha ficado algum dúvida, por favor, entre em contato comigo via twitter, @FelipeMojave.
Fique muito atento. Aqui, a atenção vale mais que tudo. Lembre-se de que você está bem perto do seu objetivo, portanto seja inteligente ao ponto de gerenciar suas fichas frente ao stack dos seus adversários e de não correr riscos desnecessários.
É isso, galera. Espero que o leitor tenha gostado desta coluna e, caso tenha ficado algum dúvida, por favor, entre em contato comigo via twitter, @FelipeMojave.
Grande abraço, Felipe Mojave.
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