segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Satélites Multi-Tables




Investindo em Satélites Multi-Tables
Aprenda a aproveitar melhor esse tipo de torneio
sem arriscar o bankroll


Por Felipe Mojave para a Revista Flop

Nesta coluna, vou escrever um pouco sobre o que eu acho dos torneios satélites.
Eu vejo muitos jogadores simplesmente fingindo que os torneios satélites não existem, e isso é um grande erro. Posso enumerar dezenas de motivos pelos quais um jogador de multi-table deve jogar torneios satélites (e farei isso), mas não preciso ir tão longe para mostrar o quão importantes são os satélites.
Você pode jogar torneios satélites por três motivos, na minha opinião:
A - Para participar de eventos que normalmente o seu bankroll não suportaria e o valor do satélite está  dentro dos seus limites, podendo, assim, tentar alavancar o seu BR, com pouco risco;

B - Para aliviar o impacto do investimento dentro do seu bankroll;

C - Para extrair valor dos satélites como “retorno final”, ou seja, jogá-los para fazer grana como objetivo.
 
Na opção A, um exemplo simples seria você ter um bankroll de R$ 7.500 e somente participar de eventos  com valor de inscrição de até R$150.
Nesse caso, você pode optar em investir esses mesmos R$150 num satélite para a BSOP, que é um torneio que tem buy-in de R$1.200, e você não participaria desse evento tão cedo, a não ser que alcance um BR de R$60.000, o que hoje seria oito vezes o que você tem, ou seja, uma realidade bem distante – sem contar as despesas que pesam muito nas viagens.
A grande vantagem aqui é que você está concorrendo a uma vaga para esse evento com recursos que você pode bancar e, no caso de ganhar uma vaga, você irá concorrer a um prêmio principal de R$ 150.000, que pode fazer grande impacto na sua carreira no poker, e tudo isso sem se arriscar além do necessário.

Já na opção B, eu presumo que você seja um jogador regular de torneios. Nesse caso, você planejou  investir, num determinado mês, R$10.000 para jogar torneios. Ao invés de jogar dez torneios de R$1.000, você opta por participar de 40 satélites de R$ 250, que dão vagas para torneios de buy-in de R$1.000, que você está acostumado a jogar.
Se você tiver um índice de aproveitamento nos satélites igual a 25%, ou seja, se a cada quatro satélites você ganhar uma vaga, isso indica que você terá o retorno dos seus investimentos. Melhorando esse índice, você passaria a ter lucro e assim, com os buy-ins dos torneios, diluindo riscos e aliviando o impacto dentro do seu bankroll.
Caso você ganhe 15 satélites entre os 40 jogados, o seu retorno seria de 150% do investimento inicial, o que significa que você aliviaria em 50% o impacto dentro do seu bankroll, nos torneios que você joga. Qualquer número melhor que um – em quatro – já seria excelente, e quanto maior, melhor.

No item C, basta levar o item B muito mais a sério e intensificar os trabalhos, focando 100% nos satélites. Se você tem um índice muito bom de ganhar vagas em satélites, por que não se profissionalizar nisso e fazer o seu lucro final ali?
A maioria das vagas em satélites são substituíveis por dinheiro – em alguns casos, ganhas e a partir da segunda vaga –, e explorar esse nicho é realmente um excelente negócio para quem se especializa e entende bem do jogo.
 
Vou dar algumas dicas e fazer alguns comentários sobre os satélites multi-table.
Os satélites podem ser muito lucrativos. Realmente não são todos jogadores que entendem das estratégias necessárias para esse tipo de batalha.
Isso é um fato provado pelo índice de jogadores que jogam o satélite por jogar, ou seja, estão a fim de arrumar uma vaga num torneio e se registram no satélite sem ter nenhum conhecimento de onde estão se metendo.


Muitos jogadores só pensam no curto prazo quando falamos em satélites.
Exemplo: vai ter aquele torneio no fim de semana e você joga apenas um satélite três dias antes do evento. Essa não é a maneira mais lucrativa de encarar os satélites. Se você pode ganhar bem, por que não jogar  desde cedo?
Outra coisa que não faz muito sentido é desistir dos satélites depois de ter jogado alguns e não ter  conseguido a vaga. Mesmo investindo mais do que um buy-in original para o torneio em questão, se você acha que você tem um edge, então não deve ser influenciado pelos resultados atuais.
Isso normalmente acontece pelo fator de “imediatismo”.
Se você não pega a primeira vaga e já desiste, não é assim que funciona.
Como nos satélites o importante é chegar ITM, e a estratégia para isso é baseada na sobrevivência. O chip leader e o short-stack irão ganhar o mesmo prêmio no fim do torneio, lembra?
Então, esqueça aqueles movimentos arriscados que você faz nos torneios comuns, pois você não pode se dar ao luxo de inventar moda e cair do torneio numa mão besta, pois o que vale é chegar entre os premiados e esse tipo de movimento torna tudo isso menos lucrativo.

Fora isso, irá ser necessário mudar de análise em diversas situações, como numa situação comum e bem  conhecida como esta: ainda há 15 jogadores no torneio e o total é de 11 vagas. Você possui um stack médio. UTG sai de all in e um big stack no meio da mesa dá o call. Você se encontra com AKs no big blind. Qual é a decisão correta?
Fold. Não existe a menor necessidade de você se envolver nessa mão, já que com AK a equidade da sua mão é de 50% contra qualquer range, mas vale lembrar que ali você não está jogando contra um range qualquer. Pode ser que o jogador que saiu all in não tenha nada, mas o big stack que deu call com certeza tem uma mão forte.
As suas chances podem estar reduzidas a 30% ou menos, por isso o fold é a decisão certa. Com isso, teremos um jogador a menos e você fica na média em fichas, faltando três jogadores para a vaga.
Outro exemplo para deixar as coisas bem claras: você tem AA no UTG e abre raise na bolha do satélite, com um stack de pequeno para médio. Um jogador no meio da mesa dá all in e o big blind vem all in por cima, com um stack maior do que o de vocês dois.

Qual é a decisão certa? Fold. Você não quer correr o risco, ainda mais o risco, de pelo menos 20%, de
ficar sem a vaga que vai cair no seu colo ou deixar o outro jogador com o stack muito pequeno.
No caso de você ter um stack maior que o jogador que veio all in por cima e for suficientemente grande para você ainda ficar na média em fichas, se você perder a mão, aí a situação seria de call, já que você também quer contribuir para que o torneio acabe por ali e já garanta a sua vaga.
 
Vou passar algumas dicas também sobre o início, o meio e o fim do jogo.
Início: há muitos jogadores presos, querendo preservar ao extremo o seu stack aqui, e eu vejo grande  vantagem em jogar um pouquinho mais solto, sem comprometer grande parte do stack, é claro.
 
Meio: procure aproveitar as oportunidades para pressionar os stacks medianos. Tomar riscos aqui é  muito importante para manter o seu stack, mas tudo com uma dose de inteligência muito grande e sempre prestando atenção na sua posição frente aos competidores.
Tentar se manter short-stack aqui não é interessante. Basicamente, eu jogo o meu jogo regular, com alguns ajustes.
 
Fim: é a parte mais crítica do satélite.
Fique muito atento. Aqui, a atenção vale mais que tudo. Lembre-se de que você está bem perto do seu  objetivo, portanto seja inteligente ao ponto de gerenciar suas fichas frente ao stack dos seus adversários e de não correr riscos desnecessários.
É isso, galera. Espero que o leitor tenha gostado desta coluna e, caso tenha ficado algum dúvida, por favor,  entre em contato comigo via twitter, @FelipeMojave.
 
Grande abraço, Felipe Mojave. 


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